AVARIAS: Finalmente os fogos, e mais qualquer coisa

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Tenho procurado, como o fez uma parte substancial da população portuguesa e, quiçá europeia, saber o que terá motivado os incêndios da Grécia e da Suécia. Na Suécia está um calor do caraças, realmente uma excepção no Verão dos escandinavos. Parece que se trata dos valores mais elevados registados até hoje, ao longo de tantos dias seguidos. Sem dúvida que algum problema terá que haver; muito provavelmente estaremos em presença das infelizmente famosas alterações climáticas. No entanto não parece que seja o caso da Grécia. Segundo os dados que tenho recolhido (feitos com um recolhedor de dados, versão profissional), nem se tem tratado de um Verão tremendamente quente. Segundo parece, tratou-se antes de mais da fórmula fatal que costuma dar mau resultado: incúria (muita vegetação seca perto das casas), incompetência das autoridades (casas que aparecem como cogumelos, construções clandestinas, acessos sem qualidade, etc.), calor (embora dentro dos parâmetros normais para a época e lugar) e um serviço de protecção civil que se destinará (digo eu) essencialmente a distribuir cargos. Se somarmos a tudo isto o que parece ter sido fogo posto, então a tragédia seria uma questão de tempo. No entanto parece-me injusto que se culpe as alterações climáticas do sucedido, além de que não consigo discernir, no caso vertente, nenhuma evidência científica que possa corroborar tal afirmação. No entanto não é isso que se vê e ouve: por exemplo aos jornalistas e outros comentadores nem lhes passa pela cabeça arranjar outro culpado. E sabe-se que discernir de quem é a culpa (dos incêndios; dos golos que se marcam nos jogos de futebol; do nosso Verão estar mais fresco, etc. etc.) é hoje estruturante na sociedade ocidental. Para nós, que vendemos a memória ao Diabo, já nos esquecemos, por exemplo, dos verões dos anos oitenta, frescos e fofos. Nem tudo o que nos desafia a memória é mudança de clima. Pode ser só uma condição do “estado de tempo”.
No momento em que escrevo fiquei a saber que a selecção de Portugal de sub – 19 em futebol está na final do campeonato europeu. Vamos fazendo bem muitas coisas na formação e de um modo geral chegamos longe nestes campeonatos. Diz-se sempre, para marcar distâncias, que os alemães têm mais árbitros que os portugueses jogadores federados, mas nós andamos (na formação) sempre muito próximos deles, só para lhes esfregar na isso na fuça. No entanto fiquei a saber que, pelo menos dois jogadores (segundo sei do FêCêPê) que entrariam de caras, segundo dizem, nesta equipa, acabaram por não viajar para a Finlândia (onde decorre o europeu) por que preferiram fazer a pré-época com o clube. Já começaram mal. Não conhecendo os jogadores nem a situação em questão, mais uma vez me vem à ideia que não sendo regra, a selecção nacional só funciona enquanto muitos jogadores dela precisam para se valorizarem. Enquanto interessa, as cores nacionais estão acima de tudo: o problema é que nem sempre é do interesse desses mesmos jogadores andar a perder tempo, longe da família em estágios prolongados. Mas isso digo eu que estou de fora.

Fernando Proença

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