AVARIAS: França, quatro – Indonésia, treze

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Colaboradora. Designer.

Vejo a entrega das medalhas na final do Campeonato do Mundo, chove a potes, a França ganhou e o futebol (para os comentadores e restantes pessoas no Mundo) está cada vez mais igual, quase todas as equipas se equivalem, para ser mais preciso, facto que eles – os tais comentadores – abençoam com toda a pompa do seu discurso. Não tenho a certeza que seja assim tão bom, toda a agente se anular e equivaler. Esta equivalência parece ser aquela dos perfumes; não é a mesma coisa mas a malta já nem dá pela diferença, ou não tem dinheiro para mais. Aliás, tenho quase a certeza que já ninguém dá por nada, a não ser o que lhe vendem como bom, mesmo que o não seja. Mas posso adiantar que na minha ideia, completamente pessoal e intransmissível, o futebol de hoje é cada vez mais feio, estereotipado e desinteressante, e está em vias de se tornar mais um mito urbano, que passa por ser uma actividade florescente, rumo ao firmamento do lucro e boa ventura. A França ganhou o Mundial por que é mais forte fisicamente, não fez prolongamentos desgastantes e tem mais jogadores para rodar, o que não será pouco. O resto, a qualidade do jogo, foi mais da Croácia (e da Bélgica, que, no entanto, nunca me encheu o olho). Tenho para mim, que mais gente se irá lembrar da equipa das camisolas de xadrez vermelho e branco do que propriamente dos vencedores. Não é o primeiro caso: a Holanda de Cruiff é um caso paradigmático de vencidos que são muito mais lembrados que os vencedores da altura (República Federal Alemã), e a Itália o caso exactamente contrário; o último campeonato de Mundo que ganharam não os tornou lembrados. Só ficou para a posteridade que defendiam bem e que o central Canavarro, com um metro e oitenta, não perdeu nenhum dos lances de cabeça que disputou.
Quem se portou muito bem foram as autoridades da Indonésia no caso das crianças que entraram na gruta que depois encheu de água. Não me lembro de nenhuma situação, nos últimos anos que tenha unido tantas vontades no Mundo inteiro, o que prova que navegamos num mar de cinismo, facto que de um modo geral calha a todos. Pareceu-me muito bem que os órgãos de informação tenham sido relegados para fora do perímetro. Não se viram pais a atropelarem-se para ficar na televisão, embora tenha ficado com a ideia que por lá também deve ter havido muito comentador a botar conversa sobre tudo e mais alguma coisa. Os nossos conhecedores quando se punham a adivinhar sobre o que viria a seguir davam sempre umas pequenas e médias barracas, quando o que tinham vaticinado era exactamente o contrário do que viria a suceder. Atenção que ninguém está fora do perigo de não adivinhar o futuro, nem sequer a Astróloga Maya (digo eu, que não consulto signos). Também falta fazer a avaliação de como as coisas sucederiam se na Indonésia existisse um Correio da Manhã de Jacarta. Penso que um dos mergulhadores (pago pelo jornal) escolhido para o resgate, faria logo ali na gruta, um directo, com o treinador a pedir desculpa pelo sucedido, assumindo em directo todas as culpas pelo sucedido.

Fernando Proença

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