AVARIAS: Hoje dou palpites

Leio na revista de um recente “Expresso”, o artigo de Clara Ferreira Alves (C.F.A). Os antigos artigos de C.F.A vinham nas páginas finais da dita revista, mas têm vindo a andar para a frente e, hoje, por aparecerem na terceira página, mostram a importância que têm vindo a adquirir. A minha opinião, completamente desprovida de qualquer base científica, é de que C.F.A. está para a revista do “Expresso” como Luisão para a defesa do Benfica, pelo menos até ao passado ano. O tempo foi passando e Luisão que nunca foi um prodígio acabou por ser o defesa que não se podia lesionar, não por que comesse a bola mas pela simples razão que nunca apareceu ninguém melhor para o lugar. Estou, talvez, a ser desapiedado para os dois visados em questão, mas espero que no meio disto compreendam as minhas palavras. C.F.A. escreve bem e tem boas opiniões sobre quase tudo, muitas vezes equilibradas, outras, felizmente desequilibradas. A que olho, versa sobre o Serviço Nacional de Saúde (S.N.S.). Como lá se pode ler C.F.A., escreve as linhas em causa, a reboque de um problema que um familiar teve e que a obrigou a passar “parte dos dois últimos meses nos corredores e salas de espera do sistema” (sic), vendo que “logo na primeira curva percebe-se que o hospital , os médicos, os enfermeiros, os auxiliares e os administrativos, tudo, na verdade, está exaurido e exausto”(sic). E o que tem esse artigo de particular (pelo menos para mim), de tão diferente em C.F.A.? É que a senhora nunca teve pejo em criticar esses e outros funcionários públicos, que até agora não eram o pior (talvez o pior fosse a comida dos aeroportos, com que mantinha relação nas suas viagens à civilização), mas andavam lá perto, e terá sido o caso da autora (via familiar) ter estado em contacto com a doença, a doença de se ser funcionário público, que tudo se modificou. E o que fez C.F.A., centro do universo e grande farol da cultura, mudar de ideias? Foi ter-se apercebido que mesmo estando tudo reduzido a escombros, apinhado de gente mandriona, a certa altura e por lhe ter tocado o prejuízo de precisar dos mandriões, eles, como que por magia, passaram de bestas a bestiais. O que também me fará pensar que, num dia de mau atendimento num qualquer centro de saúde, tudo se poderá alterar, voltando, nessa altura, o SNS a incorporar todo o mal do mundo: não há vela sem sermão (ver dicionário Jorge Jesus para principiantes). Está então a comunicação tuga cheia destas luminárias, que reconhecem o funcionamento de todas as engrenagens do Mundo, só com o aspirar ar para os pulmões, os seus pulmões, desde que as coisas se passem com elas. No fundo será o velho desprezo pelos outros, aqui disfarçado de boas intenções. Pela parte que me toca, penso que o azar do ensino público é não ter C.F.A. uma sobrinha ou um primo com nota de dezanove a matemática. A partir dessa altura teria de se acabar com os ranking como aferidores do sistema de ensino e os colégios tinham que começar a fazer pela vida.

 

Fernando Proença

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