AVARIAS: Mais futebol

Claro que o tema do momento – em que escrevo – é a antevisão do Portugal – Holanda para a Liga das Nações, com as habituais entrevistas aos holandeses que nos visitam e ao comissário da polícia (neste caso do Porto), que tem, nestas ocasiões, oportunidade de se firmar como um notório pilar da segurança da nossa sociedade. Vamos ver o que isto dá, mas não tenho boas vibrações, isto usando a linguagem dos xamãs ou coisa associada. Entretanto os paineleiros desunham-se por descortinar a constituição da equipa dos tugas, completamente arrasados pelo 4-3-3, 4-4-2 ou losango. Se são os próprios treinadores a irem neste engodo da conversa das tácticas, então isso dirá um pouco mais do que é o mundo do futebol. Depois do ponto final anterior (voltei a escrever duas horas depois), posso dizer-lhes que já sei que o nosso Portugal limpou a tal Liga das Nações. Fiz greve à escrita enquanto vi o futebol. Foi bom, bem melhor do eu esperava. Portugal joga sempre melhor contra quem ataca mais, embora isso não lhe garanta a vitória. De tudo o que vi, extraí a boa exibição dos nossos e a entrada da bola em campo, dentro de uma miniatura telecomandada, de um automóvel de uma conhecida marca alemã. Por aqui se vê que nem o futebol escapa à infantilização geral da sociedade. Qualquer dia a bola há-de chegar de submarino (já vi descer nas mãos de um paraquedista) ou nas mãos de um boneco insuflado, que é o logotipo de uma conhecida marca de pneus francesa; se pagarem bem! Quem não quer saber de coisas de somenos é Jorge Jesus (JJ), aliás como eu, e mais cinco milhões de portugueses já tínhamos vaticinado. JJ vai ao Brasil e as televisões vão atrás, exactamente porque não há muito mais gente que faça o que ele faz e não repita até à exaustão as fórmulas já mil vezes usadas: ele, de uma forma por vezes muito atabalhoada lá vai falando, realmente sobre o jogo. Agora também há muita maluquice que importa referir: outro dia, um comentador da Sport TV habitualmente comedido (escondendo-se sempre atrás das tácticas, mas isso é transversal), inquirido sobre a ida de JJ e de não ser bem recebido no Brasil, declarou no seu estilo eu-é-que-sei, mais ou menos o seguinte (e estou a ser meigo): “mas o que querem os treinadores no Brasil?, vai Jesus, que vai ensinar o que por lá poucos sabem. Digo mais, o Jesus sabe mais de futebol do que os treinadores brasileiros juntos” (esta parte retive na íntegra). Nessa altura joguei a mão ao pulso. Estou vivo ou morto? Eu sei que será uma figura da mais pura retórica, esta de dizer que JJ é o super-homem disfarçado com madeixas. Mas as declarações serão só retórica ou também uma reação às intempestivas declarações que nos chegam do lado de lá do Atlântico? Não sei mas parece-me desajustado. Fala-se no Brasil, não na Tailândia. Podemos, ou não, ser empinados quando estamos para aí virados?

Fernando Proença

Deixe um comentário

Exclusivos

Extrema-direita é primeira força política na região

A vitória do Chega no distrito de Faro, com 27,19% dos votos, foi a...

Água lançada ao mar pelo Alqueva daria para encher barragens algarvias

A Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA), com sede em Beja, anunciava...

As expetativas dos algarvios para as eleições legislativas

As perguntas Quais são as expetativas que tem para estas eleições legislativas? Tem acompanhado os debates?...

“Terra do Atum” de portas abertas para o mundo

Durante o mês de fevereiro, entre os dias 17 e 25, a confraria do...

Deixe um comentário

Por favor digite o seu comentário!
Por favor, digite o seu nome

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.