AVARIAS: Nós e a CMTV

A semana passada (a partir do momento em que escrevo) foi muito movimentada, lá para os lados da televisão generalista. Os princípios do ano são – quase – sempre pouco movimentados e não fossem os incêndios na Austrália, podia dizer-se que não haveria assunto para os noticiários infindáveis que hoje em dia nos apresentam. Lá apareceram as eleições no PSD (vi de relance Maria Luís Albuquerque. Penso que companhias daquelas não são boas para ninguém que queira ascender na política…) mais a Joacine Katar e a vitória do Benfica. Entretanto pensei sobre a génese dos canais de informação à portuguesa e sobre se nascessem hoje não nasciam, tudo por causa da net. Tenho presente, vagamente, a CNN e a guerra do Golfo e, se não estou a cometer um erro na história da evolução dos canais de informação (pedindo em caso afirmativo, as minhas mais sinceras desculpas), foram elas que despoletaram a SIC Notícias a TVI 24, etc, etc. De todas as estações portuguesas que nos enchem os dias, parece-me que o CMTV é o que dispenso mais tempo. O CMTV é como aqueles acidentes de trânsito que nos fazem encostar o nariz ao vidro do carro, mesmo sabendo que, se calhar não o deveríamos fazer. É mau, mas não podemos deixar de olhar. Falemos então de acidentes, facadas e tiros: tudo se reduz à forma como os jornalistas nos explicam o sucedido, tudo tim-tim por tim-tim, com a sua voz pausada de escolares que leem a redacção laboriosamente construída. Mas existe, verdade seja dita, uma compreensão, talvez involuntária, pelas raízes, seja lá o que isso for, na escolha dos jornalistas que fazem os directos; querem um beirão que fale como falam os beirões, o CMTV tem. Um alentejano que fale com se fala no Alentejo, o CMTV mostra. Com a CMTV recupera-se um pouco dasdiferenças que fazem a nossa língua e merecem ser ouvidas. O facto de “Não há Crise” (com o humorista (?) Fernando Rocha) não ser apresentado na CMTV marca mais um ponto para esta estação.

Os programas do CMTV sobre futebol seguem, dentro do que me é dado ver, o mesmo carácter de pequena arruaça que é apanágio (bem dito sim senhor, finalmente português do melhor!) daquelas paragens. Sabemos ao que vamos se um benfiquista fanático nos comenta um fora de jogo; não gostamos, passamos de canal. Os comentadores de futebol – e aí estendo a minha análise aos restantes canais – são protectores dos seus pequenos nichos emocionais, mas convinha que não se escondessem. Por exemplo, não há comentador /paineleiro que não dobre os joelhos à simples menção de Cristiano Ronaldo e José Mourinho: podem fazer porcaria, mas são os nossos porcalhões. Lembrei-me aqui de José Mourinho que chegou ao Totthenam e três dias depois ganhou. Para os nossos jornalistas já se via ali (por uma conjugação de estrelas e planetas) o dedo do homem, sem dúvida. O problema é que, depois disso, as coisas não têm ultrapassado a mediania e agora já a culpa é da equipa muito desequilibrada a das más opções da direcção. Talvez que não seja má ideia Mourinho (e CR7), agraciarem com uma medalha de fidelidade e bons ofícios a generalidade dos jornalistas desportivos portugueses. Só lhes ficava bem.

Fernando Proença

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