AVARIAS: O assunto é este…

Sobre a questão do Acordo Ortográfico (para não começar com o Coronavírus. Por princípio não começo pelos vírus: Corona e André Ventura), gostava de lhes lembrar que um dos perigos da utilização tola do tal AO é depararmo-nos com erros de interpretação, que, a prazo, vão alterar as próprias palavras. Foi o caso do Domingo, quinze de Março em que a apresentadora do noticiário da tarde transmitido na RTP3, falava em “contato”. Apesar desta forma ser aceite, é usada no Brasil (aparentemente, era apenas utilizada no Brasil), enquanto que no país dos tugas, se utiliza preferencialmente (parece que já não) a palavra “contacto”. Temos então que, contrariamente ao que que foi referido, este AO não reverte para a escrita o português falado, mas antes altera o português falado, não por via legal, mas pelos pequenos erros e dúvidas, que vamos repetindo. Um dia destes vai-se dizer apenas, “contato”, assim sem mais nem menos e a nossa forma correcta, “contacto” vai desaparecer e será dita e escrita apenas por balzaquianos como eu e você caro leitor.

Infelizmente, o que escrevi há algum tempo acabou por se tornar realidade; o vírus da China (como lhe chama a CMTV), vai trazer-nos muito mais problemas do que se pensava. Os políticos andam a reboque das dúvidas e não querendo proibir que os portugueses andem na boa vai ela, também não vão entrar de carrinho e não é por causa dos cartões amarelos. Parece-me que, independentemente das nossas opiniões, é capaz de não haver outra hipótese de fazer as coisas. Estamos todos em barcos parecidos e aqui, parece não ser a condição social mas a idade a fazer a principal diferença. Por um lado o vírus a fazer das dele, por outro, a suave lógica das redes sociais a estabelecerem que o espectáculo não pode parar. Por exemplo vi, que no rodapé dos noticiários da SporTV, passava vezes sem conta uma mensagem em que Cristiano Ronaldo manifestava o seu apoio às vítimas do coronavírus. Para mais a tal mensagem foi repetida durante o noticiário. Que raio de lógica é esta? É a lógica indolor, que faz que qualquer um possa desejar o que quer que seja, via internet. A moda agora parece, ter alguém atento ao que se vai passando e depois dizer que se apoia e solidariza. Fica sempre bem. É como fazer alguma coisa sustentável. Hoje, um gajo pode começar uma guerra se esta for sustentável (reciclar armas, soldados vegetarianos; batalhões de pessoas com deficiência para mostrar que o recrutamento é inclusivo; unidades transgénero, etc.). Do mesmo modo, pessoas que durante o dia são capazes de aparecer num centro de saúde munidas de um pau para dar no lombo dos médicos e enfermeiros que trabalham menos do que de-viam, são capazes de combinar aparecer à varanda a bater palmas (para os heróis, como lhes chamam) para que os filmem e aparecer na TV, na net ou noutro lugar qualquer onde apareçam. Estou a ser cínico, sei que de um modo geral os que fazem uma coisa não farão a outra coisa.

Mas era só para agitar um pouco os meus quatro amigos e pensar que às vezes as coisas não são bem o que parecem.

Fernando Proença

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