Avarias: O génio e os medíocres

Esta semana (no sentido em que se sai, escrevo num domingo), foi, digamos assim, aziaga para o futebol: morreram entre outros Vítor Oliveira (que foi lembrado por gente de todo o lado. Podia ser mau, um gajo só é bom depois de morto, mas não será o caso, tenho um dedo adivinhador) e Maradona. Também coube o azar a Reinaldo Teles, mas não o considero no futebol, dizem que a sua ligação ao chamado desporto – rei era via Sicília, mas não falo do que não sei. Ouviram-se muitas declarações sobre Maradona ser o deus mais humano de todos os deuses e penso que terá sido Eduardo Galeano a dizê-lo. Não me falava com muitas coisas que Galeano dizia muito bem, mas penso que desta vez esteve muito próximo da verdade. Tudo para dizer que, num tempo em que todos são heróis de pés de barro, Maradona, com todos os seus problemas e imperfeições foi um génio acabado com a bola. Na última vez em que a Argentina foi campeã do Mundo e em que marcou um golo decisivo com a mão, o jogo com a Inglaterra acabou por esconder completamente o que o argentino fez em todos os jogos da sua selecção: nunca em tempo alguma a expressão, “a equipa era um jogador (Maradona, sublinhado meu) e mais dez”, foi tão bem aplicada. Aquilo era um ver se te avias, dez operários, vamos lá nove e meio, com Valdano que era muitíssimo bom e Maradona que valia – literalmente – por dez, levando a bola, passando, fintando e marcando. Poucas vezes – em todas as áreas da nossa vida – a alcunha “genial”, foi tão bem aplicada. Paz (não sei se seria exactamente o que ele queria, mas costuma dizer-se nestas alturas) à sua alma.

Além de Maradona e Vítor Oliveira, o grande tema deste fim-de-semana foi o congresso do PCP. O PCP continua igual a si próprio, mais vale um governo de Passos Coelho na mão que dois de António Costa a voar. Com o PS de calças na mão o PC viu que tinha ali (na realização do congresso) uma auto-estrada para fazer o que mais quer; escavar votos à esquerda em proveito próprio, independentemente das consequências. Na situação em causa, só o PS acaba por perder: atado de pés e mãos, por causa do orçamento, teve que deixar que se realizasse o tal congresso em Loures, arcando com as responsabilidades de a uns dizer que não, e a outros que embora não, a legislação diz que sim. Ou seja, para o PCP, menos dez mil votos no PS, são mais uns dois mil e quinhentos em Jerónimo de Sousa, como prémio da sua suposta integridade e fidelidade de princípios. O problema (digo eu) é que menos votos no PS e mais no PC, também são mais no Chega, só para lhes dar um exemplo de como andamos hoje, no corrupio que conduz eleitores de um lado ao outro do chamado espectro político.

Fernando Proença

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