AVARIAS: O que fiz de mal?

Como já toda a gente esperava mas ninguém ousava dizer, lá voltaram as nossas boas e velhas rivalidades, por isso na altura em que estávamos todos juntos para derrotar a pandemia e mais quem viesse, começou a grande guerra peninsular dos confinamentos. Quem ouvisse os nossos presidentes de câmara há dois meses e todos tinham uma ideia para erradicar o vírus da moda, que incluía o conhecimento exacto a atempado da progressão da doença. A muitos ouvi dizer que era essencial saber-se quantas pessoas estavam contagiadas (por cada concelho, freguesia, rua e quarteirão), mas pelos vistos esses dados diziam apenas respeito aos outros concelhos. Se pensam que estou na reinação, então ponham os olhos e ouvidos nas peças feitas com entrevistas a presidentes de câmara, que vão surgindo nos diferentes noticiários, dizendo “que mal fizemos nós?” e vejam se eu não tenho – pelo menos desta vez – razão. Este sagrado princípio já tinha sido anunciado num anterior “Avarias”, mas desta vez venho reafirmá-lo, só porque mostra o que é a natureza humana e particularmente a dos portugueses (em que me incluo, de coração e raça, como dizia Sérgio Godinho). As afirmações proferidas são, mais ou menos as seguintes: não percebo o mal que fizemos para estarmos nos concelhos que estão confinados (a CMTV chama-lhes “concelhos na lista negra”. Se existe populismo digam lá os meus amigos onde está um populismo mais populista que este? Depois organizam mesas redondas sobre como surgem cromos como André Ventura, para se lavarem). Como sempre o mal é dos outros, complementado com a ideia (geralmente não inteiramente descabida) que existe alguém nas instâncias superiores que, não querendo saber nada do povo desse Portugal profundo que pode estar às portas de Lisboa, faz o que lhe dá na bolha. Esta questão dos confinamentos por concelho foi convencionada, segundo penso em toda a Europa e seguida em Portugal. Trará muitos problemas de aplicação no terreno, mas nesta altura, provavelmente não haveria hipóteses de fazer as coisas de outra forma. Paciência.


Pela primeira vez Portugal não está na fase final de uma grande competição de futebol, em que participa, pelo menos desde (since, hi, hi, hi) 1997. A França foi melhor, mas podíamos ter, com um bocado de sorte, empatado e assim enviávamos as contas para a nossa deslocação à Croácia, sempre eram mais dois dias de calculadora na mão, só para manter as coisas feitas ao nosso modo. A minha leitura é que vamos bastante melhor do que estávamos há dois anos, mas temos uma equipa muito desequilibrada. Muitos jogadores para quatro ou cinco posições e ninguém para outras. Além de que o nosso meio-campo (o nosso problema) está cheio de jogadores que cumprem apenas uma grande qualidade: se sabem jogar são lentos, se são rápidos não são agressivos, se são agressivos não seguram a bola. Se duvidam disso então ponham os olhos em João Moutinho que apesar da sua juventude e extraordinário físico foi o único que roubou bolas e levou a equipa para a frente. Tenho dito.

Fernando Proença

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