AVARIAS: Penso que estamos feitos ao bife

Escrevo no último dia do mês de Fevereiro e o coronavírus (aparentemente, só aparentemente) ainda não fez avaria em Portugal. O Toni já não está no Irão (num tal Traktor ou coisa assim) e, por esse lado, estamos longe do contágio, mas ele há-de chegar que não somos menos que os outros, pelo menos é o que me parece pelas imagens, notícias e restante família dos telejornais ou como raio agora se chamam. Talvez seja o preço (bater três vezes na madeira; para eventuais dúvidas queiram consultara o meu Avarias anterior) a pagar por sermos periféricos, ou a Itália estar depois da Espanha, no sentido Leste (depois dos semáforos virar à direita). Portugal, dizem os responsáveis, está preparadíssimo para fazer frente ao problema, mas é mais que evidente que estamos todos um bocado preocupados, só para sermos optimistas. Sabemos que os jornais e televisões empolam (os jornais não, o JA não o faz, ponto!) o que podem, mas é evidente que notícias de uma pessoa que esteve encerrada numa casa de banho de um centro de saúde, não serão especialmente tranquilizadoras. Por cá, país dos tugas, para que as coisas corram mais ou menos bem será, quando aparecerem os primeiros casos da doença e caso haja alguma barraca bem portuguesa (alguém que não consegue ligar para a Saúde 24, durante duas horas; uma ambulância que demorou três horas a fazer dois quilómetros para buscar um doente etc.), que seja (bater novamente três vezes na madeira) com algum famoso. Sempre se dava um empurrão ao esforço de guerra, salvo seja. Lembram-se o que aconteceu com a morte do psicanalista Carlos Amaral Dias pai de (e aqui os laços familiares são importantes) Joana Amara Dias? Pois fizeram logo um inqueritozinho maroto que descobriu que a ambulância demorou muito tempo a chegar, alguém (provavelmente o menos culpado levou com um processo) foi suspenso e a culpa deixou de morrer solteira, embora o tenha feito, mal acompanhada. Como sabemos, perante a justiça e a saúde somos todos iguais, embora uns sejam mais iguais que outros.

Por falar em coronavírus lembrei-me, sabe-se lá porquê, do deputado André Ventura. O deputado André Ventura está, para a política como os paineleiros para o futebol português. Para eles, que estão onde estão porque as televisões lhes pagam a peso de ouro, o futebol é um joguinho de egos. Falam que os dirigentes querem sangue, mas deviam reconhecer que são eles que o fazem e ainda por cima recebem por isso. E as televisões contentes por fazerem esse sangue, viverem dele e calcarem a ferida, voltam de vez em quando muito chorosas a dizerem que o rei vai nu que andam a pôr a imprensa de rastos. Pois com André Ventura é mais do mesmo: qual é o peso do Chega? Quantos deputados têm? Qual a razão para certos canais, pedirem a opinião de Ventura sobre tudo o que mexe? Fala alguém do PS, PSD e também do Chega? Estão em situação de igualdade, ou as opiniões do deputado dão mais audiências? Quem é que está a promover Ventura? As televisões, que depois farão mesas redondas sobre o perigo da extrema-direita? Hoje, tudo é negócio e esses é o maior problema.

Fernando Proença

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