AVARIAS: Sérgio, o Conquistador, e a má educação

Durante duas-semanas-duas Sérgio Conceição papagueou que o campeonato ainda não estava ganho. Quando qualquer dos meus leitores puser os olhos sobre estas linhas, já saberá que o FêCêPê é campeão. Percebo que o treinador do Porto, venha a terreiro (como se diz em futebolês) – até ao momento em que escrevo, Sábado da parte da manhã – dizer que é cedo para cantar vitória, mas não seria má ideia que, jogando contra o Feirense e precisando de um ponto, não repetisse sempre a mesma lenga-lenga, dia após dia, conferência de imprensa após conferência de imprensa. Sei que é neste mundo maluco em que são as televisões a criar as suas próprias necessidades, que os treinadores, comentadores; jogadores e mais ores, dizem o que querem que digam, repetindo até à náusea, não o que sentem mas o que pensam que devem dizer: uma espécie de politicamente correcto do futebol. Afirmar que ainda é cedo (no Sábado de manhã) para dizer que o Porto pode não ser campeão é o mesmo que afirmar a pés juntos que existem dúvidas que no PS vão aparecer mais dirigentes a renegar José Sócrates.
PS – Afinal Sporting e Benfica empataram (antes do final desta crónica) e o FêCêPê é campeão antes de sair para o campo contra o Feirense. Os piores receios (não ser campeão dentro do campo), para a grande consagração dentro do relvado, de Sérgio Conceição, confirmaram-se.
Não tem nada a ver uma coisa com a outra, mas agora que vamos ter que gramar com a Eurovisão, lembrei-me daqueles concursos que existem em Portugal (e muito provavelmente no que resta do Mundo) com rapazes e raparigas a cantar, a pular, a imitar e a dançar, e que se transmitem em qualquer um dos canais generalistas portugueses. Festival da Eurovisão (que para mal dos nossos pecados – nós tugas, que não temos restaurantes nem hotéis em Lisboa – este ano se passa para cá), apesar dos litros de azeite que escorre e dos interesses instalados – dizem – a que se encontra encostada, tem, pelo menos uma votação sem mais quês nem porquês: são tantos pontos para aqui, tantos para ali e acabou-se. Não existem comentários, conversa e críticas de Chipre (Saiprus em Eládioclímaquês) sobre a canção da Moldávia e vice-versa, apenas sete contra oito pontos. Pelo contrário, nos concursos caseiros, com a aflição de fugirem do óbvio e dar motivo para conversas e conversinhas, traz-se atrás, a moda dos tempos que correm: a de que se deve dizer tudo na cara dos concorrentes, e que se dizer tudo incluir ser mal-educado, muito melhor. Eu sei que, muito provavelmente, não abundará o talento nos amadores que estão a concurso. Que o que eles pensam ser a melhor voz ao cimo da Terra (com tê grande), não passa da melhor voz da rua, mas era bom que o júri não transportasse a ira e o desprezo, retirado da ideia das redes sociais, para o horário nobre da televisão. Ou eu sou um gajo muito antiquado.

Fernando Proença

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