Avarias: Sinais dos tempos

Desde já as minhas mais sinceras desculpas a quem não se interessa por futebol em todo o seu comprimento e largura. No entanto gostava de perguntar aos que não se interessam por estas questões, se não têm opinião sobre a inclusão de António Costa na comissão de honra de Luís Filipe Vieira. Têm?, então só se interessam sobre futebol quando é para dizer mal? Tenho que ter cuidado com estes resíduos de indignação, que me ficaram depois de ter comido umas chamuças picantes. Não é exactamente sobre futebol que lhes quero falar, mas antes do patuá que campeia por tudo quanto é sítio num mimetismo que o futebol é só uma ponta do iceberg. Por exemplo ouvi no outro dia, a respeito dos incêndios, que um dos nossos representantes máximos da protecção civil, dizia que existiam, num fogo, o que ele chamava “pontos quentes” (claro que no s fogos haverá “pontos quentes”). Penso que foi nos ditos incêndios que a adaptação do termo “teatro de operações” mais tempo de antena tomou. Agora são os “pontos quentes” – que acentuam seriamente a hipótese de trocadilhos. Parece-me mais um bom nome para um café com venda de pão, empresa registada na hora: coisas do simplex. Mimetismo, como o das pessoas que tomam Clonix (Clonix e simplex parecem íntimos) para a dor de dentes e dizem aos amigos que estão a fazer Clonix. Porque se exprimem assim os tugas? Porque parecem estar próximos da linguagem de médicos e enfermeiros; dá prestígio e coloca-nos acima da normalidade, mesmo da nova normalidade como, parvamente, se diz agora. Eu prometi que escreveria sobre futebol e, até agora nada. Também a treta do “teatro de operações” e o resto da pretensa conversa técnica vai no mesmo sentido. Dizerem que está tudo bem, estamos em boas mãos etc.. Por exemplo, no incêndio de Proença-a-Nova, sabe-se que os bombeiros desconheciam a localização das bocas de incêndio (ou de algumas bocas de incêndio) colocadas no interior do “teatro de operações”. Está certo mas é chato.


No futebol a conversa do momento é afirmar que um jogador é uma “mais-valia” e que é um “activo”. Mais, parece-me uma bíblia a que todos os extraordinários comentadores (de pós-jogo, nunca se enganam e raramente têm dúvidas), são obrigados a obedecer para fazerem uma perna naquele mundo. Para aquela malta, dizer que um futebolista é um “activo”, convoca-o para um patamar que o remete para o espaço da economia. Passam a ser como salsichas ou motores de avião, o que, aparentemente os valoriza. Aos jogadores e aos comentadores. Mas é parvo. Hoje espero tudo, mesmo numa entrevista que passou na RTP, em que a jornalista Márcia Rodrigues falava com a responsável espanhola pelos negócios estrangeiros, sobre a possibilidade do fecho das fronteiras com Portugal, feita em … inglês. Será que o problema deve residir na habitual capacidade dos espanhóis para as línguas?, ou terá sido essa escolha da responsabilidade de Márcia Rodrigues? Seja como for também me parece parvo.

Fernando Proença

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