Tudo começou com o atropelamento (e morte), pelo automóvel onde seguia o ministro da Administração Interna, do funcionário da empresa que fazia a manutenção em determinada auto-estrada e continuou com automóveis em excesso de velocidade e o que mais se verá no futuro. Não sei como são as coisas nos outros países, mas por cá nós bem felizmente, que a família se mantenha em paz.
Primeiro; a hipocrisia: não moro junto a uma auto-estrada, mas já vi alguns automóveis de gente da política, dos diferentes partidos do arco do poder (como se diz agora) e andam todos à mesma velocidade, que é sempre muita e muito acima dos limites fixados pelo Código da Estrada. Culpa dos bons carros e da pressa. A pressa porquê?, porque aquilo é gente que anda a inaugurar obras feitas e as que, no futuro, feitas estarão, ou não. Antigamente eram os chafarizes hoje são computadores dentro de uma sala, mas o objectivo é o mesmo: ir a máximo de lugares no tempo disponível, mostrar-se e prometer, prometer, prometer. Segundo; a hipocrisia: o caso do atropelamento, apagou a inqualificável acção do ministro Matos Fernandes, que atirou para cima do condutor a culpa de ter sido apanhado em excesso de velocidade. Disse na altura que não tinha tido a culpa, porque não era ele que ia a conduzir. Meus amigos, um dia vão saber que quem manda nos automóveis dos titulares políticos são os condutores. O político entra no carro, manhã cedo e é confrontado com a pergunta de quem o conduz, “senhor ministro, temos Portalegre às dez da matina e um aterro sanitário e Porto às treze, veja lá como quer fazer, mas já fiz as contas e teremos que ir sempre acima dos duzentos e vinte. Se não quiser fique em casa”.
Velocidade à parte, não é necessário muito para sabermos que a culpa em Portugal não morre solteira; casa sempre com o funcionário mais modesto da empresa, repartição ou ministério. Se há roubo, desvio ou outro, todos sabemos que o autor foi o contabilista. No automóvel, o condutor. Só falta a CMTV lembrar (e era muito bem feito que o fizessem) que Matos Fernandes é ministro do ambiente.
Ora ambiente quer dizer mais sustentabilidade, planeta verde, zero emissões, e o que é que produz muito mais CO2 que um automóvel a alta velocidade?, um automóvel a muito alta velocidade. E o carro do ministro do ambiente, grande produtor de CO2 é a mesma coisa que a Greta Thunberg (é verdade, por onde andará?) faltar a uma manifestação para ir com os amigos comer hambúrgueres à loja de uma conhecida cadeia de festefud.
Escrevo estas linhas no Domingo vinte e cinco, em que a secção desportiva do noticiário nos devolve mais uma vez à nossa realidade. Os atletas foram todos (uma ou duas excepções) à vida na primeira eliminatória e mais uma vez se cumpriu Portugal. Mas o remo (espero que melhore) nunca nos deixa ficar mal nas desculpas: um remador português, decerto para se justificar, declarou que não iam mal, mas depois “veio um vento de lado” Não discuto que tenha vindo, mas numa prova em que barcos iam quase paralelos…
Fernando Proença