AVARIAS: Trampa na minha terra significa…

Opinião de Fernando Proença

 

 

A eleição Trump versus Clinton tem ocupado as nossas televisões, e a verdade é que no momento em que tiverem a perder o vosso tempo com o meu texto, já se saberá quem vai ser o novo presidente dos steites. Mas têm razão os da TV; se há país em que os seus assuntos internos mais interessam aos que estão em qualquer lugar na Terra, com letra grande, são os Estados Unidos. E digo-vos meus amigos, que se eu fosse moço para viver em Los Angeles ou numa daquelas vilórias da América profunda, não sei como estaria agora, se com medo que ganhasse Hillary, ou com muito mais medo se o vencedor fosse Trump. Há dias vi, uma daquelas entrevistas que todos os jornalistas gostam de fazer para dizerem que “escutaram” o povo: pois um dos elementos desse mesmo povo afirmou, usando um extraordinário sentido de humor, que o voto num dos dois principais candidatos, seria como se viajasse no Titanic, em que a questão era, procurar o melhor lugar, na pior altura da viagem, que toda a gente sabe qual foi. Provavelmente é o que sentem muitos camones, mas isso, tenham paciência, é lá com eles, não fui eu que escolhi os candidatos. No entanto, vendo a coisa de fora, Trump é quase mau de mais para ser verdade, além de que aparenta (ser um mau candidato já era muito mau) ser o paradigma do político do futuro, para qualquer parte do mundo desenvolvido que possua sistema democrático: rasca, com os princípios morais de um saco de batatas (em adiantado estado de decomposição) e uma grande qualidade; a que faz vir ao de cima o pior que há em nós. Depois de Trump, será Le Pen em França, a continuação da Hungria com o seu actual primeiro-ministro, etc. A questão é que Hillary não é de fiar. Há ali um lado de ambição excessiva que me parece deslocada. Não falo de ambição normal, mas a de aproveitar ser mulher e sucessora de Obama no Partido Democrata, para ir fazendo o seu caminho para a presidência. Ou seja, jogar com aquilo que é, mas principalmente com o que pensa ser e o que mais lhe convém, permitindo-lhe retirar dividendos. Hillary, tem pela sua frente e se for eleita, uma cruzada pelo desarmamento (que não vai conseguir, por que não e também por ser mulher) e pelo alargamento dos cuidados de saúde, só para falar em dois casos mais mediáticos. À parte os excessos do politicamente correcto (o multiculturalismo relativista e tolo estará mais forte, versus uma parte da América branca a caminho de se tornar mais reaccionária), o que mais me preocupa é o que nós, no que resta das terras emersas do planeta, faremos com a eleição norte americana. Será que os malucos do Islão se tornarão mais encarniçados, com Trump ou Hillary? Os russos com Trump, terão o seu inimigo de estimação de volta de modo que lhes permita serem mais agressivos contra a Ucrânia? As sapatilhas Converse continuarão a perder qualidade e a abrir aos lados? Não sei, o futuro o dirá.

Fernando Proença

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