AVARIAS: Um dia na vida do Avarias

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Colaboradora. Designer.

Meus quatro amigos, senhores e senhoras, digo-vos que, se andasse neste momento em que me estão a ler, num automóvel em Paris de França (como se costuma dizer em certos círculos de pensamento) e furasse um pneu, sinceramente não sei o que faria; vestir um colete amarelo e sujeitar-me a apanhar uma paulada (se calhar até merecia, para andar em Paris, de automóvel, numa altura destas). Ou não vestir e ser multado. Em relação a este problema apetecia-me escrever o que disse em relação ao Brasil de Bolsonaro: os franceses (todos, todos, não sei se o são), burocratas até mais não (só para rimar), racistas e xenófobos, umas vezes sem razão, outras com alguma (o fenómeno Le Pen, não cai do céu). Para piorar, com um Estado que cresce sempre mais depressa que o problema que quer resolver, mais os problemas de consciência da classe média, os franceses criaram o monstro, agora convém que o resolvam. Olhei, numa das minhas divagações pela internet, para o caderno de encargos dos manifestantes (dos verdadeiros manifestantes, não dos que se infiltraram para saquear e dar, em geral, cabo da vida da malta que trabalha, polícia incluída) e pareceu-me estar a observar uma daquelas reivindicações dos parlamentos jovens, que as escolas organizam. Querem tudo, assim como o seu contrário (salários, saída da NATO, acabar com os fertilizantes cancerígenos na agricultura. Tudo medidas supostamente de esquerda e ao mesmo tempo desejam ardentemente fechar os fluxos migratórios, o que agrada de sobremaneira à senhora Le Pen. Antes os imigrantes estavam por conta deles próprios até que o tempo seriava quem queria ficar e quem voltava ao país de origem. Agora, o Estado Providência toma conta deles quando as coisas correm mal e isso é um problema para os naturais do país que se pensam com mais direitos que os imigrantes, levando muitos políticos a explorarem este problema em causa própria, normalmente com maus resultados. Também temos que levar em linha de conta os islâmicos, que em muitos casos, são intolerantes em relação à população dos países para onde se dirigem. Acabam por distorcer a realidade em seu favor, levando as populações desses países a perguntar o que lhe aconteceria se o caso fosse o inverso; ou seja se fossemos nós a portarmo-nos assim, nos países islâmicos. Seria lógico pensar que muitos dos problemas se resolveriam se jogássemos para a valeta muitas das senhas de identidade que estupidamente unem as pessoas, mas com isso o Mundo seria um lugar melhor e parece pouca gente querer isso. Existem maus e bons em todos os lados, é só necessário responsabilizar as pessoas pelos seus actos. Mas esse é o problema que muito custa resolver às democracias ocidentais, porque em nome do politicamente correcto, existem certos assuntos que são tabu, e nem vale a pena tocar. Em parte pelo que escrevi atrás surgem, por debaixo das pedras, os populistas que nos atazanam o juízo. Por isso, talvez não fosse má ideia a uma certa esquerda acabar com uma parte da retórica que a sustenta e ver o Mundo com outros olhos, porque um dia vão dizer que não percebem o que lhes aconteceu.

Fernando Proença

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