Aves raras salvam Vila do Bispo da extinção

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O homem é uma espécie cada vez mais rara na Costa Vicentina. Mas a primeira edição do Festival de Observação de Aves, que se realiza no primeiro fim de semana de outubro, em Sagres, promete contrariar essa tendência. Aves raras como a águia-imperial e o abutre-negro, entre outras 180 espécies aladas, prometem transformar o concelho de Vila do Bispo numa verdadeira Meca para os observadores de aves e não só. A ideia dos promotores é transformar este evento num dos maiores do género em Portugal e até no resto do mundo.

 A zona de Sagres é um ponto privilegiado de observação de aves e um dos locais do mundo com mais potencial neste campo. Entre milhares de gaivotas, há centenas de outras espécies raras que voam e grasnam por estas bandas, como a águia-imperial e o abutre-negro, que já atraem muitos observadores de aves à região.

Para aproveitar este nicho de mercado que mobiliza milhões de turistas – existem quatro milhões de birdwatchers só no Reino Unido -, a Câmara de Vila do Bispo vai promover, entre os dias 1 e 3 de outubro, a primeira edição do Festival de Observação de Aves.

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“A nossa ambição é tornar este evento num grande encontro internacional de observação de aves, que tenha um grande impacto em termos locais, regionais e até nacionais e internacionais”, revelou o presidente da autarquia de Vila do Bispo, na semana passada, durante a apresentação do festival.

Adelino Soares sublinhou que existem milhões de pessoas ligadas a este tipo de turismo e, por isso, “este evento pode tornar-se numa grande mais valia para o município”, que tem vindo a assistir a uma constante diminuição da população ao longo das últimas décadas.

Desta forma, a Câmara de Vila do Bispo – em parceria com a associação Almargem, Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), Turismo do Algarve, Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB), juntamente com diversas empresas locais e nacionais, com destaque para a cerveja Sagres – vê neste festival uma oportunidade para estancar a perda de população e desenvolver o concelho.

“Já somos reconhecidos pelos especialistas como um dos melhores observatórios de aves do país, mas agora temos de ir mais longe e tirar partido do que a natureza tem para nos oferecer”, frisou o autarca.

Em busca do pássaro preferido

Quem também observa com bons olhos esta aposta da autarquia vila-bispense na observação de aves é o Turismo do Algarve, cujo vice-presidente Almeida Pires não tem dúvidas de que será “um excelente produto turístico”.

“Este festival é uma grande oportunidade para o concelho e para a região mostrarem o conjunto de recursos muito interessantes que têm para oferecer nesta área”, referiu o responsável, acrescentando que “Vila do Bispo está no caminho certo para fazer um turismo diferente e sustentável, ao contrário do que foi feito por muitas outras autarquias do Algarve”.

Por seu lado, João Ministro, da Almargem, salientou que as campanhas de observação de aves já se realizam “há cerca de 20 anos” em Sagres, atraindo anualmente grupos de holandeses, ingleses, espanhóis e alemães.

“No entanto” – evidenciou – “esta é a primeira vez que o município se envolve com tanto empenho” para transformar este local numa espécie de Meca para a observação de aves.

Sobre as características da zona, João Ministro realçou que “mais de 180 espécies podem ser vistas em Sagres, entre agosto e novembro, com destaque para as aves de rapina, nomeadamente os abutres, as águias-imperiais e as águias-cobreiras, entre muitas outras que dão vida a estas paisagens maravilhosas”.

Evento destinado a todos

Por estes motivos, o responsável da Almargem sintetizou que Sagres é “uma zona fantástica e difícil de igualar para este tipo de turismo de natureza”.

“Este festival tem tudo para se tornar no maior evento de observação de aves do país e pode atrair muitos milhares de outros países, especialmente do Reino Unido, onde a maior feira do género atrai 30 mil visitantes em três dias”, adiantou.

Por último, Alexandra Lopes, da SPEA, revelou que o Festival de Observação de Aves de Sagres é “um evento destinado a todas as pessoas, de todas as idades”.

Ainda assim, a organização pretende atingir grupos específicos, como “a população local, os observadores de aves (experientes e iniciantes), as famílias e os estudantes universitários”.

Para além da observação das aves, o festival inclui várias atividades, com destaque para os ateliês de construção de caixas de ninho, as sessões de anilhagem e os workshops onde os participantes podem aprender a escolher os melhores binóculos.

Saídas a pontos estratégicos para observar aves, quer em terra como no mar, e a instalação de telescópios e binóculos no Cabo de São Vicente, também fazem parte do programa do evento.

Além das diversas atividades, existem ainda condições especiais para os participantes, nomeadamente preços mais baixos no alojamento e nos restaurantes do concelho.

Nuno Couto/Jornal do Algarve

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Águias e abutres concentram maiores atenções

“Sagres tem muitas aves raras e, todos os anos, é possível observar aves que aparecem pela primeira vez em Portugal”, conta João Ministro, da associação Almargem.

Entre as maiores raridades que passam todos os anos por esta zona e que despertam maior interesse entre os aficionados das aves, o ambientalista destaca a águia-imperial, bem como a águia-real, o abutre-negro e o falcão-da-rainha.

“A águia-imperial é uma ave emblemática que esteve extinta em Portugal e que só voltou há cinco anos. Hoje em dia, é uma espécie que apenas existe em Portugal e Espanha”, refere.

O especialista destaca ainda que “mais de 20 espécies de aves de rapina estão concentradas em Sagres”, o que faz deste sítio um verdadeiro “oásis” para os amantes deste passatempo.

Entre as espécies que residem ou nidificam em Sagres, ainda é possível observar gralhas-de-bico-vermelho, águias-calçadas, águias-cobreiras, falcões-abelheiro, grifos, cegonhas-pretas e abutres-do-egipto.

Mas, o interesse ornitológico não se fica por aqui. No mar, milhares de aves marinhas passam junto à costa, incluindo pardelas, gansos-patolas, moleiros, andorinhas-do-mar, entre outras e, nos campos, são os pássaros e os passarinhos que dão vida à paisagem.

NC/JA

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