O Presidente da Guiné-Bissau disse hoje que nem que tenha que custar a sua vida, os assassínios de dirigentes do país ocorridos em 2009, entre os quais o do seu antecessor, João Bernardo ‘Nino’ Vieira, serão esclarecidos, mas pediu paciência aos familiares.
Malam Bacai Sanhá recebeu hoje um grupo de pessoas, familiares e amigos de dirigentes políticos e militares assassinados no país em 2009, entre os quais ‘Nino’ Vieira, o ex-chefe das Forças Armadas, Tagmé Na Waié e os ex-deputados Hélder Proença e Baciro Dabó.
Após ouvir a preocupação do grupo, que está a desenvolver iniciativas no sentido de pedir a realização da justiça, o Presidente guineense lembrou aos presentes na audiência que já na campanha eleitoral havia prometido esclarecer todos os assassínios políticos ocorridos no país antes da sua eleição para a chefia do Estado.
“Não o disse apenas em campanha eleitoral para que possa ter o voto do povo, não. Também não o disse para mostrar que sou famoso ou valente, disse-o com os meus sentimentos, como homem, como guineense e como companheiro de camaradas que foram vítimas dos assassinatos”, afirmou, em crioulo, Malam Bacai Sanhá.
“Disse-o e vou repetir: Pode custar-me a vida, a minha vida, mas este problema será esclarecido. Posso perder a vida por isso, mas tudo será esclarecido”, acrescentou o Presidente guineense.
Bacai Sanhá pediu, contudo, ao grupo que tenha paciência com alguma morosidade na condução dos inquéritos, sublinhando que o país enfrenta dificuldades, mas ele mesmo não descansará enquanto não forem esclarecidos os assassínios.
“Peço-vos apenas que tenham paciência um bocado. Há dificuldades, há problemas, mas pouco a pouco vamos resolvê-los. Há um ‘status quo’, mas vamos vencê-lo”, indicou o chefe de Estado guineense, sublinhando que o país não poderá ter paz se não houver justiça.
“Este problema tem que ser esclarecido, porque não podemos pensar na reconciliação, na paz, na democracia num país sem justiça, num país em que impera a impunidade. Isso não é possível”, observou Malam Bacai Sanhá.
Em nome dos familiares e amigos dos assassínios, falou Roberto Cacheu, antigo secretário de Estado da cooperação internacional, para dizer ao Presidente guineense que o grupo está “bastante preocupado”.
“Estamos bastante preocupados, por isso viemos pedir ao Presidente que use as suas influências para que haja justiça nestes casos”, destacou ainda o porta-voz do grupo.
O chefe das Forças Armadas guineenses, o general Tagmé Na Waié, e o presidente João Bernardo “Nino” Vieira, foram assassinados respetivamente nos dia 01 e 02 de março de 2009.
Nenhuma pessoa foi acusada, desde então, por suspeita de envolvimento naqueles crimes.
No mesmo ano, em junho, foram assassinados os deputados Hélder Proença e Baciro Dabó, que era tmabém candidato à Presidência da República.