Barragens estão a 20 por cento da capacidade máxima: Falta de chuva já assusta região

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O Algarve tem água nas albufeiras para um ano. Mas para os responsáveis do setor o limite “psicológico” é o fim do ano. A partir daí, se não chover, os algarvios têm razões para preocupações redobradas. Há já um ano e meio que quase não cai uma gota dos céus algarvios. As barragens estão a pouco mais de 20 por cento das suas capacidades máximas. No campo, onde não chega a rega, as árvores secam e os frutos definham. E se a esmagadora maioria continua a ter água nas torneiras, há já quem seja abastecido por autotanques, esgotados que estão os furos. O JORNAL do ALGARVE faz o retrato da situação de seca na região. E questiona quem de direito

Olhando o olival à sua frente, Carlos Madeira, 67 anos, garante que há muito não via nada assim: “As oliveiras coitadinhas, as azeitonas, a própria árvore já está a chupar a azeitona. Ela não consegue tirar do terreno e vai tirar do próprio fruto. Há 15 dias o fruto estava gordinho e cheio, agora já está a ficar todo franzido”.

O agricultor, presidente da Cooperativa Agrícola e Rega de Odeleite, paredes meias com a barragem que mata a sede a meio Algarve, anda desolado por estes dias e não deixa de denunciar a situação. De há um mês para cá, garante, tudo piorou e a falta de água é agora visível em toda a paisagem circundante, desde a terra rachada ao estado da flora. E com ela o mundo animal: “As abelhas estão a morrer. Não chove e a esteva, a laranjeira, a própria flor não tem vida. Não ganham pólen. A flor cai para o chão, desidratada, e uma flor desidratada não pode ter pólen. E as abelhas com falta de polinização morrem”.

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O que mais o preocupa são os previsíveis efeitos duradouros da falta de chuva de há um ano e meio a esta parte no Algarve – a última vez que choveu a sério na região foi nos primeiros 4 meses de 2018 – que ilustra com uma comparação: “É como uma pessoa que fica enfraquecida depois de ser alimentada a soro. É difícil ficar forte, leva tempo”.

É o que, diz, vai acontecer mesmo que “já amanhã” comece a chover sem parar. Os efeitos do estio não são imediatos. “As oliveiras, que este ano ainda deram alguma coisa, para o ano não vão dar nada. Mesmo que começasse a chover agora, era difícil recuperar”. E quem diz as oliveiras, diz os sobreiros, as alfarrobeiras, enfim todas as plantas de sequeiro e flora selvagem.

Uma realidade no terreno sufragada nos meios académicos: ”Todas as culturas de sequeiro sofrem com a falta de água. Se nós vamos a meio de outubro e não temos chuva é natural que as culturas que seria expectável que tivessem água a partir de meados de setembro estejam a sofrer com a falta de água”, sustenta Maria de Belém, especialista na área agrícola da Universidade do Algarve.

Maria de Belém

Mas, admite a professora universitária, “no caso do olival, a chuva que virá já não é suficiente para as azeitonas deste ano recuperarem. Coisa diferente são as árvores e elas resistem”.
É irónico que Castro Marim, uma das zonas do Algarve que mais sofre com a seca, seja aquela que tem um sistema de barragens (Odeleite/Beliche) que serve água a todo o sotavento Algarve. Casa de ferreiros, espeto de pau, diriam os mais antigos.

Onde a água chega movida a gasóleo
Mesmo ao lado da barragem de Odeleite, Carlos Madeira teve até que desativar a sua cooperativa agrícola devido à falta de um sistema de rega. “Criou-se a cooperativa há uns anos e depois fez-se um sistema de regadio para Beliche e Odeleite. Simplesmente, por questões políticas, foi executado o do Beliche e não o de Odeleite. Em 2013 peguei no regadio de Odeleite e ativei-o, mas passados uns anos, para irmos para apoios de Bruxelas, tivemos que fazer uma parceria com a Câmara e acabámos com esse regadio. E agora estamos inativos, não temos regadio”, explica, não resistindo a sublinhar o contraste: “Há água armazenada que rega esse Algarve todo, mas não temos regadio para Odeleite”.

Mas não é Carlos Madeira o único vizinho da barragem que se queixa por não lhe caber uma gota dos 57 milhões de metros cúbicos (números de 2018) que as albufeiras contíguas drenam anualmente para o sotavento algarvio (37 milhões para consumo e cerca de 20 para rega).

Os pequenos povoados de Castro Marim nunca viram a água das barragens nas suas torneiras, por serem povoações dispersas, com muito pouca gente. Na altura achou-se que não compensava ligar essas povoações à rede. Até que seja feita ligação, o que está para breve (as obras deverão ser concluídas no próximo ano) , a água que consomem advém dos furos municipais.

Mas a seca dos últimos meses trocou as voltas aos castromarinenses: os furos secaram ou desceram abaixo do nível da razoabilidade qualitativa (com pouca água, os poços ficam com níveis insustentáveis de alcalinidade) e as 35 povoações servidas por eles têm agora que ser abastecidas por autotanques. Fecharam-se os furos e escancararam-se as tampas das cisternas às mangueiras dos carros-depósito.
“Temos condições de seca severa desde o ano passado. Com o período de Inverno os aquíferos não conseguiram retomar a carga porque a pluviosidade foi pouca. Estamos no segundo ano de baixa pluviosidade. Nem as barragens ficaram com as cotas normais nem os lençóis freáticos ficaram com a carga que seria de esperar”, descreve Vítor Rosa, vereador da Câmara de Castro Marim, para justificar o abastecimento de água movido a gasóleo..

Todos os dias úteis desde 12 de julho, das 8 da manhã às 5 da tarde, que dois camiões (um da câmara, com dois depósitos, outro dos bombeiros) despejam 50 metros cúbicos nas cisternas desses 35 povoados, com um total de população que não excede as 450 pessoas. São 250 metros por semana.
Corte Pequena, Alta Mora, Corujos, Portela Alta de Cima e Funchosa são as maiores dessas povoações, mas algumas outras têm meia-dúzia de habitantes. “São 450 pessoas. São 10 autocarros, mas se pensarmos que o concelho tem 300 km2, são 450 pessoas completamente dispersas. É uma densidade populacional de 3 pessoas por quilómetro quadrado. E 70 por cento dessas pessoas têm mais de 65 anos”, enuncia o vereador, para ilustrar o esforço municipal.

Vítor Rosa

Ano e meio sem chover uma gota
“Cada povoado tem o seu furo e a sua cisterna. Isto implica uma logística grande e sofrimento por parte das populações, porque nós não conseguimos em tempo útil recarregar todos os sistemas a todo o momento. Há situações em que as pessoas têm que aguardar algumas horas para poderem dispor de água outra vez. Temos um giro, vamos recarregando, se alguém telefonar a relatar alguma situação mais preocupante, alteramos a volta”, aduz Vítor Rosa.

Convencido de que a região já atingiu os indicadores da seca de 2009 e, não tarda nada, estará com os preocupantes índices de 2005, o dirigente ambientalista Luís Brás, da Almargem, mostra-se, também ele, preocupado: “Com as barragens de Odeleite/Beliche abaixo de 30%, e atendendo a que as barragens podem aguentar 2 anos de seca, a perspetiva é péssima se não chover”. E, observa, a probabilidade de não chover é alta, segundo as previsões metereologicas de médio prazo.
“Até dezembro não vai chover nada. Há-de chover, mas dificilmente serão repostos os níveis. Em janeiro Odelouca estava a 70%. No período homólogo do ano passado estava o dobro do que está agora”, salienta o ambientalista.

Luís Brás

O Algarve precisa de água como um esfomeado de pão para a boca. A falta de precipitação na região no último ano e meio é assustadora: de acordo com o sistema de medição pluviométrica da Direção Regional de Agricultura e Pescas (DRAP), desde maio que não chove uma gota na região e nos primeiros quatro meses deste ano os níveis de pluviosidade foram muito escassos: na estação pluviométrica da DRAP mais próxima da barragem de Odeleite, foram medidos 6 milímetros por metro quadrado em janeiro, 38,6 milímetros em fevereiro, 14 em março e 46 em abril. No total, naqueles cerca de 120 dias de inverno, apenas houve 25 dias com chuva. E um parco total de 104,6 milímetros no período.

Valores que são bem diferentes da alta pluviométrica de 2018, quando a mesma estação do Guadiana registou 360 milímetros nos primeiros quatro meses do ano, enquanto na estação do Patacão a chuva ascendia aos 538,7 milímetros no mesmo período. Dos quais 237,8 em apenas um mês, março.

Carla Antunes

A atual escassez de pluviosidade é contextualizada por Carla Antunes, professora da Universidade do Algarve, como “normal” no clima mediterrânico: “Temos o clima mediterrânico, caraterizado por verões muito quentes e secos e chuva quando as temperaturas descem. Estes períodos sem chuva não são novidade, são recorrentes. Fiz um estudo em que apanhei 20 meses seguidos sem chover”. O problema, acrescenta, é que os períodos de seca são cada vez mais próximos uns dos outros. Os ciclos aproximam-se, aumentam os tempos de estio e encurtam-se as temporadas de chuva. Alterações climáticas à vista.

De olhos fincados no céu
Aliás, a mesma académica observa que não basta chover para que a normalidade seja reposta. É preciso que a água se precipite em abundância e por vários dias. Se chover pouco, a água não chegará às albufeiras: “Tem que chover uma quantidade tal que todas as outras componentes do ciclo hidrológico comecem a ficar satisfeitas, nomeadamente a infiltração de água no solo. Só depois é que há escoamento. Se chover dois ou três dias seguidos, o volume já chega às albufeiras”.

Todas as esperanças dos algarvios estão agora de olhos fincados no céu. Quando se fala de opções em caso de chuva escassa ou nula, as alternativas não são famosas, mesmo havendo vários aquíferos na região. “A nossa esperança é que chova, que as albufeiras encham e que não tenhamos que recorrer às reservas hídricas subterrâneas. Não sei se seria assim tão fácil pôr o sistema a funcionar com os furos”, enuncia Carla Antunes.

Um sistema misto de captações, superficiais e subterrâneas, não seria novidade na região. Foi ele que vigorou, de forma intensiva, até à conclusão da barragem de Odelouca, no concelho de Silves, que ainda em 2018 atirou para o abastecimento público 28 milhões de metros cúbicos.

Mas o preço a pagar seria demasiado alto, adverte, com os olhos no passado, o presidente da Águas do Algarve, Joaquim Peres, que alerta para os riscos de se cair nos erros de há meio século, ao proceder à exploração intensiva dessa fonte: “Foi retirada água em excesso do aquífero [Querença/Silves, o maior da região], a água do mar veio ocupar o seu lugar e estragar o aquífero”, recorda. Resultado: a salinização do recurso, que se juntou ao problema da alcalinização (calcário em excesso), também agravado pela excessiva extração para consumo.

Joaquim Peres

“Nos anos 70/80 nem uma bica se podia beber com água da torneira, porque era de tal forma salobra que não permitia o consumo humano”, recorda Joaquim Peres, observando que, ainda assim, 30 por cento dos 73 milhões de metros cúbicos necessários para prover as necessidades humanas no Algarve vêm atualmente desse aquífero.
“Estamos a utilizar essa água para o consumo humano, porque há necessidade de fazer dessa água freática uma utilização inteligente”, justifica. Mas, reforça, a intensificação da exploração subterrânea não é solução.

A água do mar é intrusiva se encontrar espaço e ela, literalmente, salga a reserva. “Vamos fazer um blending [mistura] entre a água superficial e a água freática”, explica, reconhecendo que, apesar dos riscos, há ainda alguma margem para que cresça a extração subterrânea em caso de necessidade.

Águas do Algarve diz que tem planos de emergência
Recusando o alarmismo, Joaquim Peres garante que, dos 73 milhões de metros cúbicos que o Algarve consome anualmente, há neste momento 70, utilizáveis, em depósitos superficiais: “Isto pode-nos chegar para que até ao fim do ano nós não tenhamos problemas com a distribuição de água. A quantidade de água que está nas albufeiras, 70 hectómetros cúbicos, dá para gastarmos até ao fim do ano. É conveniente que chova porque se não chover as coisas começam a complicar-se”.

Grosso modo, a quantidade existente na componente útil das barragens é suficiente para um ano, mas Joaquim Peres prefere antecipar as preocupações e põe a fasquia no final do ano. Para prever danos atempadamente: “O que nos mantém preocupados é saber como é que vamos atuar numa altura em que o bem ainda existe, para que, se essa situação se agravar, tenhamos fontes alternativas”.
E se não chover? Com a hipótese de recurso massivo ao aquífero “bloqueada”, o presidente da administração da Águas do Algarve garante que está a estudar soluções, mas recusa levantar o véu. “Temos planos de emergência que estamos a trabalhar para que eles se possam desenvolver atempadamente”.

“Desde o início do verão temos razões para estar preocupados. E é bom que estejamos preocupados para fazer uma utilização racional. Se estivermos à espera que ela acabe para depois estarmos preocupados e ver como se resolve, não encontramos nenhuma solução, encontramos remendos”, sustenta. Sem adiantar em que consiste o plano. E nunca usando uma palavra que todos recusam ainda pronunciar nestes dias de estio: racionamento.
Enquanto não há medidas drásticas e se espera que chova, a Águas do Algarve vai fazendo o que lhe compete no capítulo da sensibilização das populações para o consumo excessivo. Lançada antes do verão, a campanha “Um Pingo de Consciência” alerta precisamente para o risco do consumo desenfreado e sem regras.

Mas os próprios responsáveis admitem que o alcance é limitado enquanto os consumidores não sentirem “na própria pele” a necessidade de poupar: “É certo que estas campanhas que estamos fazendo têm às vezes uma curva de progresso e assimilação muito lenta. As pessoas abrem a torneira e a água continua a sair. É difícil que as pessoas tenham esta perceção de imediato”, reconhece o responsável máximo da empresa ges-tora em alta do abastecimento algarvio, sem pôr em causa a necessidade deste tipo de campanhas.

O luxo de regar jardins com água de beber
“As campanhas de sensibilização são importantes, por exemplo para não lavarmos agora os carros, neste período de seca, mas têm um peso mínimo”, concorda a académica Carla Antunes, secundada pelo ambientalista Luís Brás, para quem “a consciencialização ambiental chegou muito tarde e é mais marketing do que para levar a sério”.

“A situação no verão, quando começou o ‘Pingo de Consciência’, já era muito grave. Parece uma campanha paliativa. A poupança tem que ser levada a sério durante o ano inteiro”, acrescenta o dirigente da Almargem.

No papel, por enquanto, ficam soluções mais demoradas e que jamais chegarão a tempo de atenuar significativamente os efeitos da grave situação atual, que o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) já considera de seca “severa ou extrema”: o aproveitamento das águas residuais que saem das ETAR e a dessalinização da água do mar.

A Almargem luta há vários anos pela primeira dessas saídas e Luís Brás aproveita para disparar: “Nas regas de jardins, golfe e usos menos nobres não faz sentido utilizar a água tratada que bebemos. Os campos de golfe nos últimos anos tinham todos a condicionante de que teriam que usar água reutilizada. Nenhum a utiliza. Claro que é caro, mas não se pode continuar a alimentar campos de golfe com água potável. E a maior parte dos campos de golfe estão a exercer uma pressão enorme sobre os aquíferos e com indícios de intrusão de água salgada”.
Um campo de golfe de 50 hectares gasta cerca de 350 mil metros cúbicos de água por ano. O que significa que serão precisos 13,3 milhões de metros cúbicos para regar os 33 campos de golfe do distrito.

O líder da Águas do Algarve concorda com o ambientalista: “Uma solução seria lavar ruas com água tratada, saída das ETAR. Ainda não é a escala que poderia ser, mas é uma questão de mentalização e educação ambiental. A pouco e pouco esta ideia da reutilização tem que ganhar espaço. Deitamos fora, depois de tratados, cerca de 40 hectómetros públicos. Mas também depende da nossa capacidade de aceitação, às vezes criamos barreiras mentais à mudança de hábitos”. E garante que a empresa que gere vai cumprir a diretiva governamental que aponta para o aproveitamento para consumo de 20% da água das ETAR do País em 2030.

A verdade é que aqueles 40 milhões de metros cúbicos representam mais de metade das necessidades de consumo humano (73 milhões) do Algarve, muitas delas em usos menos nobres, como regas de jardins e de ruas.
Mas se não chegasse, há ainda a agricultura: a região gasta por ano cerca de 120 milhões de metros cúbicos nas culturas de regadio. Alguma dessa água podia ser providenciada pelas ETAR da região.
Quanto à dessalinização, solução comum no Médio Oriente mas cara e pouco viável a médio prazo, Luís Brás resume o estado de espírito geral: “Antes de dessalinizar temos que pensar naquilo que temos”.

João Prudêncio

Barragens com menos de metade da água que tinham há um ano

Os números não enganam. Os volumes úteis das três barragens que servem o consumo humano no Algarve – Odeleite/Beliche e Odelouca – desceram para menos de metade em apenas um ano, de acordo com dados da empresa Águas do Algarve. No caso do sistema Odeleite/Beliche, essa descida foi até para cerca de um terço do volume de há um ano.

O volume útil é a água acima da cota de utilização, que pode ser drenada apenas com recurso à gravidade, sem meios mecânicos. Por exemplo, na albufeira de Odeleite essa altura limite da água é a cota dos 22 metros. Abaixo dessa cota há o chamado “volume morto”, com menos qualidade, que só pode ser extraído por bombagem.

O JORNAL DO ALGARVE foi mais longe e tentou perceber qual o “gasto” de água desde as últimas chuvadas na região, nos quatro primeiros meses de 2018. Isto é, o período que terminou em abril desse ano. Altura em que o volume das barragens se aproximava muito da capacidade total desses reservatórios. A descida dos níveis é assinalável, quase assustadora, como se pode ver na tabela que elaborámos.

Nesta resenha em forma de tabela, elaborada pelo JA com recurso a dados do Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos (SNIRH), é possível comparar três indicadores do calendário pluviométrico algarvio no último ano e meio: na primeira coluna com valores percentuais vê-se como estavam as barragens em abril de 2018, após os quatro meses de chuva forte, em que, em algumas estações, a precipitação atingiu os 500 milímetros (meio metro) por metro quadrado no total desses 120 dias.

Na segunda coluna com percentagens estão os valores que cada albufeira tinha um ano antes dos últimos dados disponíveis (setembro de 2019), que se encontram na terceira coluna.
Verifica-se que em abril de 2018 várias albufeiras quase atingiam a sua capacidade máxima, com destaque para Odeleite (95,3%) e Beliche (90,3%), que servem as populações do sotavento algarvio e o perímetro de rega do Leste da região, até à zona de Moncarapacho, Olhão.

Estas duas grandes albufeiras, situadas no concelho de Castro Marim e interligadas entre si, desempenham um papel fundamental no abastecimento público ao Algarve, tarefa em que são complementadas a oeste pela barragem de Odelouca, que só entrou em funcionamento pleno em 2012. Nenhuma das três barragens tinha em setembro um volume de água superior a 40% da sua capacidade total.

Contudo, se nos ativermos aos volumes úteis, expressos nas tabelas azuis, as percentagens descem consideravelmente: Odeleite está a 27,13% da sua capacidade útil total, o Beliche a 23, 34% e Odelouca a 22,51%.
Estas três barragens, as únicas que servem o consumo humano na região, dispunham em setembro de 126,3 milhões de metros cúbicos de volume total, mas só cerca de 70 milhões se encontram no volume útil. .

Em apenas um ano o valor percentual de cinco das seis barragens algarvias que servem o consumo humano e a agricultura desceu para, sensivelmente, metade do volume de água que tinham então. A exceção é o Funcho, pequena barragem de rega do barlavento algarvio, de onde não é extraída água, que ainda dispõe de 63,8% da sua capacidade total de quase 48 milhões de metros cúbicos.
Os consumos de águas superficiais no Algarve rondam os 110 milhões de metros cúbicos, dos quais 73 milhões são para consumo humano e menos de 40 milhões são para agricultura – 20 milhões saem do sistema Odeleite/Beliche, 15 milhões do Arade e menos de 5 milhões da albufeira da Bravura.
Cerca de dois terços das necessidades da agricultura algarvia, de 120 milhões de metros cúbicos, provém de lençóis subterrâneos.

J.P.

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