Bernie Sanders surpreende com vitória sobre Hillary Clinton no Michigan

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Nem uma única sondagem previa o que aconteceu na noite de terça-feira, madrugada desta quarta, nas primárias democratas do Michigan. Ao longo de um mês, os inquéritos de opinião num estado que oferecia aos candidatos do partido de Barack Obama 147 delegados eleitorais previram sempre a vitória de Hillary Clinton — alguns deles dando-lhe um avanço de 30 pontos percentuais sobre o seu único rival na corrida pela nomeação democrata. Isso não se concretizou e, contra tudo o que era esperado, Bernie Sanders venceu esta noite com 50% dos votos contra 48% para a ex-secretária de Estado. Sem surpresas, Clinton venceu no Mississippi, o outro único estado a ir a votos em primárias democratas na passada madrugada.

“Quero agradecer às pessoas do Michigan. Repudiámos nas urnas as sondagens que diziam que estávamos 25 pontos atrás [de Clinton], repudiámos os especialistas que disseram que estávamos mortos”, declarou um Sanders vitorioso num discurso na Flórida. “Esta noite significa que a campanha de Bernie Sanders, que a revolução do povo, está forte em todas as partes do país.”

A vitória de Sanders, em vésperas do próximo debate democrata a ser transmitido esta noite pela CNN, levanta uma série de questões, começando por pôr em dúvida a capacidade de Clinton para chamar a si trabalhadores de colarinho azul que, no caso do Michigan, parecem ter optado pela mensagem anti-Wall Street do senador. Foi essa a aposta de Sanders num dos estados norte-americanos mais castigados pela crise financeira, como o demonstrou no último debate com Clinton, e a estratégia parece ter sido certeira.

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Mas mais do que isso, a liderança de Sanders no Michigan renova dúvidas sobre a precisão dos inquéritos e sondagens de intenções de votos noutros estados do Midwest, como o Wisconsin, o Illinois e o Ohio, estes dois últimos a votos na próxima terça-feira. Quando as sondagens divulgadas em janeiro previram a vitória de Donald Trump do lado republicano no Iowa, o primeiro estado a ir a votos no processo de primárias e caucuses antes das presidenciais de novembro, a vitória do senador Ted Cruz também espantou muitos analistas. Mas um erro de cálculo nesse estado tem menos importância quando comparado com o Michigan, o primeiro estado da chamada cintura industrial dos EUA a ir a votos, ao qual se seguirão vários outros estados de natureza demográfica semelhante.

Por causa da vitória de Clinton na maioria dos estados que foram a votos na passada superterça-feira, Sanders não conseguiu roubar-lhe o avanço em número de delegados só com o Michigan, pelo que os olhos estão agora postos em dois estados em particular, Ohio e Illinois, onde os rivais democratas vão disputar na próxima semana 341 delegados.

Pelas suas semelhanças com o Michigan, os analistas questionam-se se as notícias da morte simbólica de Sanders na corrida democrata seriam manifestamente exageradas. Se a votação desta madrugada tiver sido um caso isolado, a noite passada no Michigan vai ser esquecida rapidamente. Mas se, pelo contrário, o facto de as sondagens terem falhado em prever a vitória de Sanders for uma antevisão de outras surpresas do autodeclarado socialista em estados de maioria operária fabril, a corrida democrata acabou de se tornar mais divertida, pelo menos até à próxima terça-feira.

Nesse dia, vão a votos entre os democratas, a par do Ohio e do Illinois, estados de importância redobrada como a Flórida (246 delegados democratas), o Missouri (84), e a Carolina do Norte (121). Ao todo, Clinton e Sanders estarão a disputar 792 delegados eleitorais que os representem na convenção nacional do partido em julho.

Traduzindo por miúdos: neste momento Hillary contabiliza 1213 delegados contra 557 para Sanders. Se se confirmarem mais surpresas como a desta noite no Michigan a favor do senador na próxima terça-feira, e tendo em conta que haverá quase 800 delegados em disputa nesse dia, poderá aproximar-se mais do que nunca da rival. Para garantir a nomeação do partido e disputar a Casa Branca em novembro, um candidato democrata precisa de um mínimo de 2383 delegados para vencer.

Joana Azevedo Viana (Rede Expresso)

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