Bibliotecas algarvias criam serviços online e ao domicílio

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Atividades de artes manuais, biblioterapia e leituras online, partilha de conteúdos e entregas ao domicílio são algumas das atividades que as bibliotecas municipais estão a desenvolver enquanto o confinamento imposto pela pandemia as obriga a manter as portas fechadas, como é o caso de Castro Marim.

Em Castro Marim, os espaços e recursos da biblioteca são utilizados em conjunto com a Ação Social da autarquia, mas sem deixar de prestar o serviço de biblioteca a quem a ela recorre.

A biblioteca municipal do concelho do sotavento promove todas as quartas-feiras, pelas 14:30, a “Hora do Conto” em direto na página de Facebook da autarquia, levando até à casa dos seus munícipes alguns momentos de imaginação e criatividade.

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A Biblioteca Municipal de Olhão foi “requisitada” para a luta local contra a pandemia, tendo o seu espaço e recursos humanos sido afetos à proteção civil e ação social do município para a criação do Núcleo de Saúde Pública.

Apanhadas de surpresa pela pandemia e pelo primeiro estado de emergência, as bibliotecas municipais tiveram de se reinventar, e neste segundo momento de confinamento estão quase todas ativas, a oferecer serviços às comunidades, para combater o isolamento, a exclusão e a desinformação, disse à agência Lusa o subdiretor-geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, Bruno Eiras.

“Após alguma desorientação no primeiro confinamento, compreensível dada a incerteza com o que estávamos a lidar, mas também atendendo à praticamente inexistência de conteúdos e serviços ‘online’ que pudessem servir de alternativa, as bibliotecas da Rede Nacional de Bibliotecas Públicas [RNBP] no geral procuraram colmatar esse vazio”, contou.

As que estão presentes nas redes sociais conseguiram mais facilmente manter contacto com os utilizadores – gravaram ou partilharam em direto a leitura de histórias, contos e poemas online.

Num segundo momento, prepararam outras alternativas, como ateliês de trabalhos manuais e sessões de biblioterapia, mas “o que caracterizou mais a atividade online das bibliotecas foi a partilha de recursos e conteúdos gratuitos disponibilizados por outras instituições, a chamada curadoria da informação, através da pesquisa e seleção de informação e conteúdos disponíveis na Internet”, destacou o também diretor dos serviços de bibliotecas da Direção-Geral do Livro dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB).

Assim, na maioria dos casos, mesmo com as portas fechadas, as bibliotecas mantêm serviços à comunidade, seja com oferta de atividades e serviços online, por telefone, ou email – como hora do conto, sessões de leitura, clubes de leitura, oficinas, leituras via telefone, serviço de referência e informação à comunidade, sugestões de leitura, consulta de catálogo, entre outros -, seja com serviços de empréstimo de livros revistas, CD e DVD ao domicílio.

No que respeita a este serviço de empréstimo em take-away, a maioria das bibliotecas já o tem e está a fazê-lo “à porta, em modo drive-in, ao domicílio e às vezes até deixando os livros em locais previamente acordados”, especificou o responsável, indicado que a página de Facebook da RNBP tem informação sobre estes serviços e atividades.

“Podemos agora contar dezenas de bibliotecas com uma programação online semanal ou mensal, continuada, abarcando diferentes atividades e dirigida a diferentes públicos”, salientou. 

As bibliotecas tentaram ainda “colmatar a falta de literacia digital de grande parte da população, partilhando tutoriais e orientações para a navegação segura na internet”.

Além disso, na semana passada, a DGLAB fez um apelo às bibliotecas da rede para que deixassem o seu sinal de WiFi aberto e, se possível, o amplificassem, de forma a que quem não tem acesso de outra maneira possa rapidamente aceder à Internet através dele.

O objetivo é permitir que mais pessoas possam “obter informações importantes, descarregar um documento online, consultar farmácias de serviço, números de telefone, transportes, orientações da Proteção Civil ou outros”.

“Dado que o comportamento das bibliotecas públicas é o de estarem próximas das suas comunidades, de uma maneira geral todas têm tentado fazê-lo, mesmo com as portas fechadas. As disparidades decorrem sobretudo das decisões das autarquias face à gravidade da situação pandémica”, disse Bruno Eiras.

“Temos relatos bastante positivos do impacto dos serviços de empréstimo ao domicílio e do trabalho que as bibliotecas itinerantes estão a fazer junto das populações mais isoladas, mas não temos número concretos”, afirmou.

Apesar de todo este trabalho, houve muita coisa que se perdeu com os confinamentos, reconhece: “Perdeu-se tudo o que se perde quando se distancia a cultura, o conhecimento, a leitura e as literacias de quem já de si é mais vulnerável (grupos em risco de exclusão, pessoas isoladas, idosos e pessoas economicamente e socialmente mais fragilizadas), aumentaram-se distâncias, apesar do esforço de reinvenção e de proximidade das bibliotecas e das equipas”.

Quando a biblioteca municipal encerra numa comunidade, interrompe-se “o trabalho de equilíbrio e equidade social, cultural e até cívica”, destacou, lembrando que em muitos municípios, as bibliotecas públicas são o único ponto de acesso à Internet, gratuito, com qualidade e com alguém que possa ajudar a utilizar um computador.

Em muitas vilas e cidades, as bibliotecas são o principal ponto de acesso à informação, ‘online’ e em papel, sobre serviços públicos, informação do quotidiano ou até na procura ativa de emprego, são dos poucos espaços para ter acesso aos livros, à música ou ao cinema, e são espaço para aprender e conhecer o mundo que nos rodeia, sublinhou.

“Não podemos esquecer que as bibliotecas públicas são um dos últimos, senão o último serviço público totalmente gratuito e descentralizado. Com exceção das escolas, não existe outro equipamento de proximidade que esteja presente em tantos municípios: dos 308 existentes em Portugal, apenas cinco não têm serviço de biblioteca pública”.

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