Bicicletas voadoras animam colinas de São Brás

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É já a partir de hoje que o barrocal algarvio vai ser tomado de assalto por ciclistas com asas nos pés. Tendo como pista as sinuosas e traiçoeiras colinas são-brasenses, os melhores atletas de downhill vão decidir quem é o campeão nacional de 2010, num espetáculo de emoções radicais e velocidades “loucas”.

A autarquia de São Brás de Alportel espera atrair milhares de visitantes com este evento – a Fórmula 1 das bicicletas – e tornar o município uma “meca” para os amantes dos desportos de natureza.

A tranquilidade nas ruas, colinas e cerros de São Brás de Alportel vai ser interrompida bruscamente, entre os próximos dias 9 e 11, por ciclistas aparentemente desgovernados, mas que não passa disso… aparência!

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Depois de três anos a acolher a prova inicial da Taça de Portugal de Downhill, o município de São Brás de Alportel prepara-se agora para receber a prova mais importante da modalidade a nível nacional: o campeonato nacional de downhill 2010.

Esta competição radical – que vai decidir quem é o campeão nacional da modalidade – vai ser disputada no Cerro do Botelho, numa “pista muito rápida que promete testar os mais experientes, numa descida de cortar a respiração”.

Rui Cruz, enfermeiro de profissão que se dedica de corpo e alma ao downhill, adiantou na apresentação do evento, quinta-feira, que “a pista tem 1400 metros para descer em cerca de 2 minutos e 10 segundos”.

Há quem já tenha atingido aqui velocidades na ordem dos 68 km/h, o que para uma bicicleta de duas rodas é extremamente rápido e arriscado. Além disso, temos saltos de quase três metros de altura e catorze de comprimento”, frisou Rui Cruz, que também faz parte da equipa de São Brás.

Por tudo isto, o piloto considera que a adrenalina e o espetáculo estão garantidos no próximo fim de semana.

E sobre os riscos que os trezentos atletas vão correr durante a competição, Rui Cruz desdramatiza: “Isto não é tão perigoso assim. Antigamente, não existiam os sistemas de segurança e as proteções, e os ricos eram muito maiores. No entanto, os equipamentos modernos tornam a modalidade menos perigosa”, assegurou o atleta, cuja bicicleta custa 5400 euros, sem contar com os 2000 euros gastos em proteções para o corpo.

Atualmente, já há material que é obrigatório nas provas, como as caneleiras para proteger os joelhos, a proteção da coluna, as luvas, os óculos protetores e o capacete. Isso evita muitas feridas. Seja como for, os acidentes acontecem em todos os desportos. É isso que posso garantir da minha experiência profissional”, sublinhou o enfermeiro radical.

Desafiar a gravidade

Devido precisamente a acidentes com alguma gravidade, num desporto onde se desafia a gravidade, a equipa de 22 elementos de São Brás de Alportel ficou reduzida a 19.

Dois partiram a clavícula e outro a bacia. São coisas que acontecem aos melhores”, explicou Rui Cruz, sem esconder que as quedas também fazem parte do espetáculo.

Mesmo assim, a equipa da “casa”, criada em 2006 e com atletas dos 15 aos 52 anos, promete continuar a lutar pelos melhores resultados nas provas onde participa, tendo já um palmarés com vários títulos alcançados, entre os quais, a Taça de Portugal de Downhill por equipas, conquistada em 2009, e o segundo lugar no pódio no campeonato nacional.

De volta à prova deste fim de semana, refira-se que, por entre os obstáculos técnicos e os saltos, o percurso vai contar com três “zonas espetáculo” preparadas para receber os milhares de amantes das bicicletas voadoras, com quiosques de bebidas. A organização preparou ainda cinco “zonas de maior interesse” para o público.

Paralelamente à realização do campeonato nacional de downhill, São Brás de Alportel vai ainda ser palco de um open aberto a todas as pessoas que queiram experimentar a sensação de “voar” pelas descidas vertiginosas dos cerros são-brasenses.

Referência dos desportos de natureza

Para o vice-presidente da Câmara de São Brás de Alportel, Vitor Guerreiro, a prova do próximo fim de semana é “a ponta do iceberg”.

O objetivo da autarquia é tornar o município uma referência nacional e internacional do BTT, mostrando que temos condições naturais inigualáveis para a realização de desportos de natureza”, frisou.

Já o presidente António Eusébio realçou que São Brás é “uma das melhores regiões para praticar a modalidade em todo o mundo”, salientando que este evento “é uma prova de que o interior e o barrocal algarvio também têm excelentes condições para receber acontecimentos importantes e de grande espetacularidade”.

Pretendemos acolher outras provas desta dimensão, que provoquem arrepios na espinha dos visitantes”, evidenciou o autarca.

Valorizar o que somos é a nossa estratégia”, concluiu António Eusébio, rematando que trazer estas provas até ao Algarve é uma aposta ganha da autarquia, que “aposta na valorização dos recursos naturais do concelho para a prática de desportos de ar livre, um dos eixos principais da promoção turística do município”.

Nuno Couto / Jornal do Algarve

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