Bob, o repórter de guerra que morreu num acidente de táxi em Nova Iorque

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Bob Simon

Viajava no banco de trás de um ‘livery cab’ em Nova Iorque, quando a traseira do táxi embateu noutro veículo e foi contra o separador central da via rápida que bordeja o oeste da cidade. Não tinha cinto de segurança e talvez tenha sido essa uma das causas da sua morte. Bob Simon, o repórter que desafiou tantos perigos e cobriu tantas guerras, acabou por falecer num estúpido e trágico acidente na sua cidade. Ao final da tarde, quando o fluxo de saída da cidade se intensifca e o trânsito aperta.

“O repórter dos repórteres”, como o definiu Jeff Fager, produtor executivo do “60 Minutos”, tinha cinco décadas de jornalismo, e 47 anos na CBS. Foi distinguido com mais de 40 prémios relevantes, incluindo 27 Emmys e quatro Peabody. O seu desaparecimento é uma “perda terrível para todos nós, na CBS News,” disse Jeff Fager, num comunicado.

“E é uma tragédia agravada porque perdemos num acidente de carro, um homem que escapou a situações mais difíceis do que qualquer outro repórter”, acrescenta Fager. Para o presidente da CBS, David Rhodes, “Bob Simon era um gigante do jornalismo televisivo e um querido amigo para toda a família da CBS”

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“Estamos todos chocados com esta perda trágica e repentina. Os nossos pensamentos e orações estão com toda a família de Bob e, especialmente, com a nossa colega Tanya Simon”, acrescenta Rhodes. Tanya, produtora do “60 Minutos” é a única filha de Bob e Françoise, que são também avós de Jack.

Bob passou 40 dias numa prisão iraquiana

O pivot da CNN, Anderson Cooper, lembra que todos os trabalhos de Bob Simon eram especiais. “Eu sonhava ser como ele, e ainda espero vir a ser”, disse Cooper, citado pelo “The Guardian”. “Bob era uma lenda”, acrescenta.

Bob Simon nasceu no dia 29 de maio de 1941 no Bronx, um dos bairros de Nova Iorque. Aos 21 anos, licenciou-se em História na Brandeis University. Em 1967, entrou para a CBS como repórter encarregue de cobrir distúrbios na cidade.

Em 1975, estreou-se como repórter de guerra no Vietname, quando os EUA estavam a retirar daquele país do sudoeste asiático. Entre 1977 e 1981 foi correspondente da CBS em Israel [Telavive]. Mais tarde, seria correspondente em Washington.

No início da primeira Guerra do Golfo, em janeiro de 1991, foi capturado por forças iraquianas perto da fronteira da Arábia Saudita com o Kuweit. Passou 40 dias na prisão, experiência que relataria posteriormente num livro intitulado “Forty Days”. Dois anos depois, em 1993, regressou à capital iraquiana para fazer a reportagem dos bombardeamentos americanos a Bagdade.

A sua entrevista mais recente – e também a última – foi transmitida pela CBS no programa “60 Minutos” que foi para o ar na última semana: uma conversa com Ava DuVernay, a realizadora do filme “Selma” que está em cartaz em várias salas de cinema portuguesas.

Incompleta, fica a história em que estava a trabalhar sobre a busca de uma cura para o vírus ébola. O trabalho deveria ser exibido no próximo domingo [talvez seja …] e era produzido pela sua filha, Tanya.

Morreu ao fim da tarde desta quarta-feira, dia 11, em Nova Iorque, quando viajava sem cinto de segurança no banco traseiro de um ‘livery cab’ [táxi que não pode apanhar passageiros na rua, só responde a chamadas. A legislação não obriga os passageiros a usarem cinto de segurança nestes veículos].

RE

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