Brasil desautoriza o seu representante no FMI

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O ministro das Finanças brasileiro Guido Mantega assegurou à diretora-geral do FMI que o seu país não autorizou a abstenção do seu representante na votação desta semana sobre a Grécia.

Guido Mantega, ministro das Finanças do Brasil, garantiu hoje de manhã a Christine Lagarde. diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), que o governo brasileiro não foi consultado pelo seu representante no Fundo nem o autorizou a se abster sobre a decisão de concessão à Grécia de uma tranche de financiamento na sequência da quarta avaliação do programa de resgate, segundo a correspondente em São Paulo do jornal “Financial Times”.

Mantega mandou chamar a Brasília Paulo Nogueira Batista Jr., o representante do Brasil no FMI e líder de um bloco de onze países (na maioria latino-americanos, mas incluindo, também, Cabo Verde e Timor Leste) na estrutura de direção da organização, para explicar a decisão tomada de abstenção na votação desta semana sobre o fecho da quarta avaliação do programa grego e a divulgação pública da posição de crítica ao Fundo na gestão desse dossiê, como noticiava ontem o jornal grego “Kathimerini”. O “Financial Times” cita um comunicado do Ministério das Finanças brasileiro.

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Segundo o jornal “O Globo”, Guido Mantega afirmou que “vamos conversar na vinda dele aqui” sobre a abstenção num caso polémico. “O diretor do Fundo tem votações todas as semanas. Não precisa de me consultar em todas, mas tem de me consultar quando a votação é polémica. Ele sabe isso. Neste caso, faltou comunicação e ele achou que aquele seria o posicionamento correto”, esclareceu o ministro. Guido Mantega declarou, ainda, que mantém Nogueira Batista Jr. no lugar.

Recorde-se que uma das afirmações mais preocupantes de Nogueira Batista Jr., na votação sobre a quarta avaliação ao programa grego, correu mundo: “a análise [dos técnicos do FMI] está a um passo curto de considerar abertamente a possibilidade de um incumprimento ou de um atraso” nos pagamentos ao FMI por parte da Grécia.

Entretanto em Washington, num encontro com jornalistas, Christine Lagarde afirmou que ficou “feliz pelo facto de a posição do Brasil ter sido retificada e esclarecida ao mais alto nível”.

“É necessário um novo programa”

Paulo Nogueira Batista Jr., em entrevista hoje ao jornal brasileiro “Folha de São Paulo”, afirmou que o seu voto não refletiu a opinião dos onze países que representa, mas a sua própria posição como diretor-executivo do FMI. “Como diretor do Fundo, sou responsável fiduciário pela integridade da instituição. E foi nessa condição que me manifestei sobre a revisão do programa grego. Eu entendo que o programa coloca em risco o Fundo, tanto pelo lado financeiro como em termos da sua reputação”, disse Batista Jr. à “Folha”. Sublinhou que “a expetativa é que a administração [do FMI] leve em conta as observações dos seus diretores”.

Referiu, ainda, que não é contra a ajuda à Grécia, mas que é crítico do “desenho” do programa. “O programa não tira o país da crise. Já são vários os anos de ajustamento e a economia está em depressão e o desemprego altíssimo”, disse Batista Jr. ao jornal brasileiro, concluindo que é necessário “um novo programa”.

Jorge Nascimento Rodrigues (Rede Expresso)
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