O grupo Poetas do Guadiana, que reúne poetas algarvios e espanhóis, voltou a surpreender e, desta vez, organizou uma sessão de leitura de poesia em Cacela Velha, concelho de Vila Real de Santo António, que incluiu declamações no cemitério, na igreja e junto ao paredão que tem a Ria Formosa como pano de fundo.
Sem palco, sem cadeiras e sem equipamentos de som, os poetas fizeram ouvir os seus novos versos. António Cabrita orientou, de certa forma, as declamações e incentivou os participantes a ler sem medo e a deleitar-se com a essência da vida. E deixou muito claro que “A vida continua e nós cá vamos…”, junto a Clara Correia, Ana Solá, Maria Sequeira o São Constantino, que mantiveram o seu ritmo cadencioso em língua portuguesa.
Em castelhano (mas andaluz), também se ouviu Joaquina Vázquez, Ana Deacracia, Maria Luisa Dominguez ou Manuela Lozano, recordando que “a vida não é mais do que um sonho”. Talvez, por isso, Mari Carmen Azaustre preferiu levar “um ramo de flores brancas, recém cortadas”.
No cemitério desenharam-se versos, que se transformaram em orações na igreja. E em frente à porta do templo, olhando o mar, com um sol escondido, os poetas do Guadiana voltaram a procurar na memoria algum poema novo e alguns versos mais antigos.
A comitiva, como se de um cortejo fúnebre se tratasse, mas carregado de alegria e esperança, avançou depois até à outra esquina da fortaleza. A nostalgia de outras tardes no mesmo lugar ouviu-se, então, com latidos especiais, pela voz de Raul Vela, Camino Benedicto o Eladio Orta.
José Luís Rua