Cada vez mais espanhóis compram casa para férias em Vila Real de Sto António

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Mari Neli Valez e Nila Rey residem em Ponferrada (Léon) e Lora del Rio (Sevilha), respetivamente, mas têm casa na cidade pombalina há vários anos

Grande parte dos espanhóis que adquiriram segunda habitação na cidade pombalina são da província de Sevilha. Porém, nos últimos meses esta opção tem-se estendido a famílias oriundas de praticamente toda a geografia espanhola

DOMINGOS VIEGAS

O sota-vento algarvio, e principalmente Vila Real de Santo António, está a ser cada vez mais invadido por espanhóis que procuram esta zona da região algarvia para adquirir a sua segunda habitação.
O fenómeno é de tal maneira crescente que na cidade pombalina já existem alguns edifícios onde mais de noventa por cento dos apartamentos são propriedade de famílias espanholas que os utilizam para passar as suas férias de verão, bem como muitos fins de semana ao longo do ano.

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Mari Neli Valez reside em Ponferrada, na região de Léon, norte de Espanha, mas desde 2008 que passa as férias com o marido e os dois filhos na casa que adquiriram em Vila Real de Santo António. “Costumamos vir em outubro, nos fins de semana prolongados, no fim de ano, na Páscoa e no verão”, conta esta professora do ensino básico, casada com um funcionário da empresa Rede Elétrica de Espanha (REE), a equivalente espanhola à nossa REN (Rede Elétrica Nacional).

Quando questionada acerca do motivo que a levou a adquirir uma casa na cidade do Marquês de Pombal, Mari Neli, que conhece o Algarve há cerca de 22 anos, diz que as principais razões foram o facto de Vila Real de Santo António estar junto à costa, a tranquilidade e a facilidade em chegar desde o seu local de residência.

“Conhecemos o Algarve em 1988 e, em 1992, na altura da Expo de Sevilha, voltámos e aproveitámos para dar uma volta por Vila Real de Santo António, porque tínhamos gostado muito desta cidade. E em 2008 decidimos comprar cá casa. Também gostámos muito, não só da cidade mas também de toda a zona envolvente”, conta Mari Neli.

“Queríamos comprar numa zona que tivesse praia e estivemos em dúvida entre Vila Real de Santo António e a zona de Valencia. Verificámos que a distancia com Ponferrada era sensivelmente a mesma, mas também nos apercebemos de que para chegar aqui as estradas não tinham tanto trânsito e não era necessário passar por Madrid, ou seja, para nós era mais fácil chegar aqui do que à zona do Levante espanhol”, explica.

No entanto, a opinião dos filhos também acabou por ser fundamental à hora de tomar a decisão. ”Os meus filhos inclinaram-se imediatamente por Vila Real de Santo António e disseram logo que queriam que comprássemos casa cá [risos]. Por isso não foi difícil decidir, pois apreciamos a tranquilidade desta cidade e as praias, que são uma maravilha”.

Mari Neli considera que Vila Real de Santo António “melhorou muito” nos últimos anos. “Evoluiu muito e tem muita vida. Procurámos uma cidade tranquila, mas que ao mesmo tempo, também tivesse alguma vida para além do verão e aqui encontrámos isso”, explica, frisando que só da sua zona conhece três famílias que, tal como os Valez, adquiriram casa na cidade pombalina.

Praias e hospitalidade atraem nuestros hermanos
Durante muitos anos, uma casa na costa de Huelva era bastante mais barata do que na costa algarvia. Posteriormente, esta tendência inverteu-se e a costa espanhola mais próxima do Algarve assistiu a um aumento significativo no valor das casas, que passaram a ultrapassar o preço médio praticado na região algarvia.

Atualmente, e muito por culpa da crise na construção, os preços assemelham-se bastante nas duas zonas fronteiriças. Os espanhóis garantem que hoje em dia não é o preço, mas sim as características da zona e a hospitalidade, que os leva a escolher Vila Real de Santo António para comprar casa.

“Antes notava-se mais diferença nos preços das casas nos dois lados da fronteira, mas agora penso que não. Aliás, as praias foram o principal motivo para comprar casa cá”, afirma Nila Rey, administrativa num hospital de Sevilha e residente na localidade de Lora del Rio.

A família Rey, constituída por Nila, o marido, agricultor, e os três filhos, adquiriu uma casa para férias há cerca de três anos em Vila Real de Santo António, numa urbanização em que, principalmente durante o verão, o espanhol é a língua dominante. “Só no edifício onde tenho casa, conheço cinco famílias da província de Sevilha. Mas há muitos mais espanhóis que têm cá casa. Muitos são da província de Sevilha, mas também há muitos de outras zonas de Espanha”, conta.

Durante a infância e grande parte da juventude, Nila passou férias na Antilha, província de Huelva, onde os seus pais tinham casa, também de segunda habitação. Porém, quando chegou a altura de comprar a sua própria casa para férias não teve dúvidas na hora de fazer a escolha.

“Chamou-nos muito a atenção toda esta zona de Vila Real de Santo António, principalmente as praias, que são bastante mais virgens do que as da Antilha. Gostamos muito das pessoas e da qualidade de vida”, diz Nila, sublinhando que a questão sentimental também “pesou bastante” à hora de escolher o local para comprar casa.

“Na altura em que vínhamos de férias para a Antilha passávamos o rio de barco, desde Ayamonte até Vila Real de Santo António. Lembro-me das fábricas de conserva… Ainda era uma criança, mas já gostava muito desta zona que, agora, me faz lembrar as férias da minha infância”, explica Nila, frisando que, à semelhança de muitos outros espanhóis com casa na cidade pombalina, prefere a Praia de Santo António à de Monte Gordo, precisamente pelo facto de ser “mais natural” e “mais virgem”.

(Reportagem completa na edição em papel do Jornal do Algarve de quinta-feira, dia 9 de setembro)

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