Uma vez por mês, na escola básica de Silves, as crianças com problemas de leitura leem em voz alta para o Benny e a Pipa. Os dois cães são ouvintes calmos, atentos e desinibidores, ajudando assim a fortalecer a confiança dos mais novos
Benny é um ‘labrador’ e a Pipa uma ‘schnauzer’. Os dois cães são as estrelas do projeto piloto “Ler Cãofiante”, uma parceria entre a Câmara de Silves e o agrupamento de escolas, que teve início no início deste ano.
“A ideia é ajudar um grupo controlado de alunos de uma turma do 3º ano da Escola EB nº 1 de Silves a superar as suas dificuldades ao nível das competências leitoras e da relação entre pares, beneficiando da presença de ouvintes atentos e facilitadores do processo terapêutico: os cães”, adiantam os responsáveis da iniciativa, frisando que o objetivo é incentivar a leitura e fortalecer a confiança das crianças em si mesmas.
“Não há terapia melhor que praticar a leitura em voz alta para um cão”, explicam os promotores do projeto, que já foi testado com algum grau de sucesso em várias escolas dos Estados Unidos, Canadá e também em alguns países europeus.
Benny e Pipa deslocam-se mensalmente ao estabelecimento de ensino de Silves para ouvirem as crianças a ler em voz alta. A função dos animais resume-se a levantar as orelhas e a olhar fixamente para as crianças que leem para eles durante a sessão mensal.
“Os cães funcionam como um estímulo multissensorial, que fomenta a atenção, a concentração e a cooperação das crianças nas tarefas propostas, contribuindo para elevar a expectativa das crianças relativamente à sua capacidade para superar dificuldades e aumentar a sua autoestima”, sublinham os técnicos da biblioteca e os psicólogos da autarquia que coordenam o projeto.
Iniciativas inovadoras a nível nacional
O projeto “Ler Cãofiante” surge depois de outro, “Pipas de Livros”, lançado em outubro de 2012 pela biblioteca de Silves. Esta iniciativa inovadora a nível nacional tinha igualmente como objetivo melhorar a capacidade de leitura das crianças e incentivar o gosto pela leitura através da utilização de um cão ouvinte.
“Estas ações permitem não só melhorar a capacidade de leitura das crianças como incentivar o gosto pela leitura através da utilização de um animal, neste caso de um cão ouvinte”, sublinham.
“Estudos e programas nesta área demonstram que a convivência com animais melhora as capacidades de sociabilização, reforça a autoconfiança das crianças, conseguindo dessa forma bons resultados na capacidade de leitura”, acentuam os promotores, frisando que, ao lerem com um cão, “as crianças começam imediatamente a relaxar e esquecem-se de se sentir nervosas”.
“Antes mesmo de se darem conta, elas começam a apreciar a experiência de ler em vez de a temerem, uma vez que o seu ouvinte está atento e calmo e não julga nem critica quando as crianças cometem erros de leitura”, adiantam.
NC/JA