CARLOS ALBINO

 SMS

A crise dos que estão em crise

É nos momentos de crise que muita coisa devia estar mais forte e com mais vida do que nos momentos de vacas gordas quando muita força e muita vida é força e vida à custa de subsídios, subvenções, esquemas, parcerias de conveniência e tudo o que se foi vendo, não por virtualidade própria. A escola, do básico à universidade, devia estar a dar respostas e não apenas a fazer perguntas; os jornais deviam ser procurados e não encostados ao muro das lamentações; os sindicatos deviam prestar orientações mesmo sem serem procurados e não à espera do comando central para a próxima jornada; as associações empresariais deviam mobilizar-se para o investimento próprio dos congregados ou captado em parcerias sérias e projetos sérios em vez de carpirem o fim dos negócios fáceis com voos rasantes pelos paraísos fiscais como segredo de ofício; os da segurança deviam pensar mais na defesa dos inseguros, no apoio ativo aos indefesos e na prevenção do que é previsível do que andarem por aí na obsessiva caça à multa e nas manifestações de combate ao crime depois do crime ter sido cometido; o voluntariado devia surgir diariamente como resposta onde o Estado não responde porque não quer ou não pode; a noção, mentalidade de região devia estar na cabeça das pessoas, nos propósitos das autarquias e na ponta da língua dos líderes políticos que se reclamam paradoxalmente como líderes regionais; e por fora, não se deixando de dizer que a sociedade devia mostrar e ter canais de solidariedade permanente, atenta e eficaz para as tragédias que se sabem ser quotidianas e já de rotina para um imenso número de envergonhados que sofrem pela calada porta sim, porta não, além de que deviam mostrar debate de ideias, debate sobre caminhos a seguir e soluções a encontrar, debate combativo e não tanto combate de pasmaceira ou permanente luta acesa pela qual tantos desperdiçam a alma. E quando não há isso, é sinal de que há uma crise mais profunda do que a crise de não haver vacas gordas. É uma crise estrutural que não se disfarça por mais festas que se promovam, por mais festivais que animem a aldeia, por mais peregrinações a Fátima em que as juntas de freguesia se comprometam. É claro que não se nega há, aqui e além, debate, solidariedade, uma ou outra ideia de projeto, um ou outro empresário com resposta, uma ou outra escola ativa, como também não se nega que há voluntários quando há enxurrada. Mas são casos isolados ainda que emblemáticos. Falta Algarve no Algarve, há muito quintal, há muito ego a querer fazer figura de proa. E essa é que é a pior crise dos que estão em crise porque não se resolve por decreto, nem a solução nasce de um dia para o outro.

 

Flagrante pergunta: Não foi VEXA, senhor presidente da Comissão Europeia que quando era primeiro-ministro prometeu uma linha de alta velocidade Faro-Huelva e até mostrou o mapa?

 

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