CARLOS ALBINO

 SMS 448

Presentes envenenados

 

Há que desconfiar, melhor, há fundamentos para desconfiar. Talvez para testar recetividades, foram atiradas ao ar pelos fogueteiros de confiança, algumas notícias que à primeira vista parecerão boas mas há que desconfiar. Foram os casos da reposição das regiões de turismo, da promoção das comunidades intermunicipais a “supermunicípios” invocadamente como caminho para a regionalização, e, dizendo mais diretamente respeito ao Algarve, o fim do Allgarve. Aparentemente boas notícias mas as dúvidas são muitas sobre se não serão presentes envenenados. Quanto às regiões de turismo, não é difícil prever que a solução equivale a criar uns tantos maus da fita sobre cujos ombros recairão as consequências dos cortes orçamentais e dos apertos de toada a ordem – não será bem o caminho para a gestão autónoma dos interesses mas sim mais uns lugares para capa-tazes subservientes para cima e a encolher os ombros para baixo. Quanto aos “supermunicípios”, promoção essa à custa das competências dos municípios e não do poder central, isso assemelha-se à promoção de sargentos-ajudantes a capitães sem passarem por tenentes – como será extremamente complicado extinguir no Algarve quatro ou cinco municípios que sejam, extinguem-se os 16 numa rajada. E quanto ao Allgarve, uma coisa é corrigir a designação e reorientar o programa para uma zona onde Turismo e Cultura sejam sinónimos e não negociata de eventos, outra é acabar com tudo e dar lugar a festas do mais reles provincianismo, sem nível e mostruário de estrelas pífias. Há que desconfiar de tais presentes. Depois de anos em que o turismo central deixou cair da primeira linha a experiência da antiga RTA, não será nos tempos que correm que o Estado vai investir a sério na organização regional da atividade. E quando o governo envia mensageiros a avisar que quanto à regionalização, os algarvios que tirem os cavalinhos da chuva, também é difícil admitir que tais mensageiros sejam desautorizados depois do serviço prestado, aparentemente com o povo serenado. Finalmente, quanto ao Allgarve, deixemo-nos de histórias, temos Guimarães para a cultura e basta que a coisa não sai barata, até porque, para além dos artistas, têm que pagar os espetadores para as plateias do berço nacional não ficarem vazias e entediadas com tanta presunção. 


Flagrante previsão: Pois claro que o tráfego da Via do Infante caiu para metade, o que quer dizer que o da 125 dobrou, fazendo da política de transportes no Algarve uma lástima. Pouco falta para que a melhor comunicação entre Lagos e Faro e entre Tavira e Portimão seja por via marítima. Entreguem a política a guarda-livros e vão ver os resultados de caixa.

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