O veículo para absorver o malparado do sector financeiro, o dito “banco mau” ou solução à italiana, é “essencial” e deve avançar, apesar de os bancos portugueses não estarem particularmente interessados, defende Carlos Costa. Num artigo de opinião no “Jornal de Negócios” a ser publicado na terça-feira, o governador do Banco de Portugal (BdP) volta a insistir nesta possibilidade, adianta o jornal.
Este “banco mau” não será um banco, “uma vez que não receberá depósitos nem concederá crédito”, justifica. Terá o papel de “gerir uma carteira de ativos, que poderá titularizar, colocando as ‘tranches’ sénior e ‘mezzanine’ junto de investidores finais, sobretudo institucionais”.
Esta ideia, que já provocou várias reações negativas da parte dos banqueiros portugueses, conta com o apoio do Governo de António Costa. Mas será tudo menos simples de aplicar. “Uma das medidas essenciais para repor a rentabilidade é extrair do balanço os ativos não produtivos através da venda a terceiros ou da transferência para um veículo que assuma a gestão e a recuperação do respetivo valor”, defende Carlos Costa.
Para o governador do BdP, o “banco mau” deveria ainda existir sobre condições especificas: as instituições financeiras poderiam transferir parte do seu malparado para esse veículo, mas isso teria de ser necessariamente feito a desconto, o que iria criar necessidades de capital. “Na falta de investidores privados e dada a natureza sistémica do problema dos ativos não produtivos, será necessário um esquema público nacional e europeu que garanta a cobertura das necessidades de capital e que as minimize”, justifica Carlos Costa.
Fábio Monteiro (Rede Expresso)