CARLOS LUÍS FIGUEIRA

 Vai Andando Que Estou Chegando

 

Como aqui tínhamos previsto a semana foi marcada por acontecimentos políticos de enorme relevância, confirmando-se em boa parte o quadro que aqui tínhamos avançado. Nas previsões não tinha entrado a demissão de Relvas mas era assunto que há muito tinha deixado de ser. A saída tardia é só mais um sinal do clima de conflito, desorientação, intranquilidade, desagregação em que o governo se encontra, chefiado por um primeiro ministro que a cada passo revela a sua impreparação para o cargo que exerce.

 

 

 

O País atravessa uma das suas piores crises: económica, em resultado da obsessão do défice; social pelas consequências devastadoras na perda de postos de trabalho, na redução de prestações sociais e no emagrecimento dos serviços públicos de saúde e educação; política pela linha de afrontamento que este governo, a coberto do apoio do Presidente da República, decidiu levar a cabo contra decisões legítimas de um órgão de soberania como o Tribunal Constitucional, revelando que coabita mal com as demais instituições da República.

 

 

 

O País apesar de dispor de um Governo saído de eleições e com suporte parlamentar é hoje cada vez mais visto pelos portugueses como um instrumento da Troika, obediente representante dos nossos credores que nos continuam a colocar condições usurárias no pagamento da dívida, condições e juros, impossíveis de pagar nos termos exigidos, a não ser comprometendo gerações e empobrecendo os portugueses a níveis insuportáveis. A pressão que se exerce sobre o PS procurando acorrentá-lo às soluções que os partidos da maioria têm vindo a executar, a que se associam intoleráveis manifestações contra o regular funcionamento de diversas instituições democráticas do regime, pressões de dentro e de fora, nas quais se sublinham a presença do Ministro das Finanças Alemão e do ex-primeiro ministro Durão Barroso, o tal que fugiu do País para se acobertar nas esplanadas e terraços da burocracia europeia, são sinais preocupantes e perigosos dos momentos que vivemos.

 

 

 

Por sua vez o governo responde aos cortes a que está obrigado por decisão do Tribunal Constitucional utilizando uma posição chantagista, como se o Tribunal que tem de velar pelo cumprimento da Constituição fosse o culpado das opções ideológicas do governo, como no mesmo sentido responde com arrogância e sectarismo às propostas de toda a oposição para, em simultâneo, anunciar como solução para o buraco em que nos meteram, mais cortes em pensões e serviços públicos, num acto que se assemelha em alguns casos a uma espécie de vingança punitiva contra reformados e funcionários públicos, decisões irresponsáveis e levianas.

 

 

 

Sendo hoje mais claro que a permanência em funções deste governo afecta gravemente o regular funcionamento das instituições, que a maioria política que dispõe na Assembleia não corresponde ao apoio que a maioria dos portugueses lhe dispensa e sendo igualmente claro que o actual Presidente da República deixou desde há muito de exercer as funções para que foi eleito, comportando-se como fiel apoiante desta solução governativa, das politicas e das soluções que leva a cabo, o impasse em que a situação política do País pode cair, só acrescentará dificuldades às muitas existentes, tornando mais difícil não só uma saída no quadro das regras do regime democrático, como a cada dia, a manter-se o impasse, nos enfraquece perante os nossos credores.

 

 

 

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