“Neste momento nós estamos a assistir, com a queda das restrições e o declínio da última vaga pandémica, a um aumento da procura turística para o Carnaval. A habitual ponte de terça-feira com fim de semana alargado num período em que vamos ter bom tempo, teremos certamente uma procura daqueles que beneficiam dessa possibilidade, nomeadamente o mercado nacional”, considera.
O responsável acredita que não haverá menos turistas na região devido ao cancelamento dos desfiles de carnaval, uma vez que “os fatores da retoma, a possibilidade do bom tempo e uma estadia prolongada são superiores em termos de atratividade”.
“O carnaval é um elemento que enriquece a estadia de quem nos visita e que também é muito procurado por residentes que se deslocam entre concelhos para ver as festividades. Mas é a realidade que vivemos, mas não acredito que vá reduzir a procura de pessoas vindas de outras regiões”, acrescenta ao JA.
Para João Fernandes, o cancelamento dos tradicionais desfiles de carnaval “foi uma tomada de posição ainda numa fase em que a incerteza sobre qual seria o ponto da situação neste momento apontava nesse sentido e, portanto, foi preventiva, mas o certo é que estamos numa fase de recuperação clara”.
“Nós vivemos num contexto específico, portanto houve precaução, mas pelo facto das tradições serem interrompidas por um ano não significa que tenham descontinuidade. É uma realidade que se retoma tão rápido quanto possível e o facto das câmaras não optarem por grandes aglomerados e facilitarem outras iniciativas mais espontâneas e de menor dimensão é também um sinal claro de um regresso rápido”, refere ao JA.
Em relação aos turistas estrangeiros, João Fernandes revela que “costuma haver procura” nesta época, “mas a motivação primária não é o carnaval. É muito mais marcada neste período pelo golfe e pela pausa letiva dos britânicos”.
O desfile “faz muita falta”
Para Florentina Mendes, de 55 anos e proprietária da pastelaria “Amendoal”, em Loulé, o tradicional desfile de carnaval “faz muita falta”.
“Já é o segundo ano sem desfile de carnaval e isso tem um impacto muito grande. Seria uma semana em que teríamos dias muito fortes e agora passaram a ser dias normais”, refere ao JA.
A empresária acrescenta ainda que durante os dias de carnaval a pastelaria “trabalhava muito bem”, mas que atualmente “está mesmo fraquíssimo”.
Em relação aos turistas que possam vir durante a semana do carnaval, Florentina Mendes confessa “não ter esperança”, apesar de o negócio “estar um bocadinho melhor”.
Regresso dos bailes a Moncarapacho
O mais antigo carnaval do Algarve, em Moncarapacho, não terá o tradicional desfile, mas será palco de dois bailes que vão decorrer na Praça da República, nos dias 27 de fevereiro e 1 de março, a partir das 15:30.
No domingo, o baile terá música de Ruben Filipe, enquanto na terça-feira será a vez dos Duo Reflexo, sempre com o tema “Regresso ao futuro”.
Ao JA, o presidente da União de Freguesias de Moncarapacho e Fuseta, Manuel Carlos, indicou que estes dois bailes vão realizar-se “só para assinalar a data”, uma vez que a realização de desfile “nunca esteve em cima da mesa” devido à pandemia de covid-19.
“O desfile não vai acontecer porque temos de começar a tratar de tudo uns meses anos e não o fizémos, pois não sabíamos a evolução da pandemia. Os carros têm de ser arranjados pois há dois anos que estão estacionados”, acrescenta.
No entanto, “se as coisas correrem bem”, Moncarapacho vai receber o carnaval de verão no primeiro sábado de agosto, que “será um regresso em grande”.
O autarca referiu ainda ao JA a sua freguesia tinha habitualmente “toda uma dinâmica à volta do carnaval”, que contribuia para a economia local e que nos últimos dois anos tem sido afetada.
“Tudo o que está relacionado com o carnaval era dinamizado, desde as drogarias que vendem o material até aos restaurantes que recebem as pessoas”, disse.
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Gonçalo Dourado
(leia o artigo completo no Jornal do Algarve de 24 de fevereiro de 2022)
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