Centeno: Governo encontrou “desvio” de €3000 milhões na CGD

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O ministro das Finanças, Mário Centeno, afirmou esta quarta-feira no Parlamento que o atual Governo encontrou “um desvio” no plano de negócios da CGD na ordem dos 3000 milhões de euros.

Numa audição na comissão de Finanças, o ministro declarou: “Há um desvio enormíssimo no plano de negócios e de reestruturação que o Governo anterior geriu com a CGD que atinge verbas superiores a 3000 milhões de euros de desvio no plano de negócios da CGD que diligentemente o Governo anterior acompanhou”.

O ministro das Finanças respondia a questões colocadas pelo deputado do PSD António Leitão Amaro na Comissão parlamentar de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa, onde está a ser ouvido.

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Recorde-se que um relatório de 2015 da CGD referia que há mais de 2300 milhões de empréstimos em risco de não serem pagos. O maior devedor é a Artlant – projeto da empresa espanhola de petroquímica La Seda, de Barcelona, onde a CGD foi acionista, com 14,77% do capital, e a quem emprestou 476 milhões de euros. Segue-se a Efacec, com um crédito de €303 milhões, Vale de Lobo, Auto-Estradas Douro Litoral (€271 milhões), Grupo Espírito Santo (€237 milhões), Grupo Lena (€225 milhões) e António Mosquito/Soares da Costa (€338 milhões), entre outros.

O deputado social-democrata trouxe ao debate a demissão da administração da CGD, liderada por José de Matos, que foi confirmada pelo Ministério das Finanças na terça-feira.
Os gestores demissionários ficam no banco público até serem substituídos por uma nova administração, o que deverá acontecer nos próximos 10 a 12 dias.

“A CGD necessita de tranquilidade. A CGD é um ativo importantíssimo para o sistema bancário português, é uma referência para o país, é um pilar da economia portuguesa e do desenvolvimento económico nacional”, afirmou Mário Centeno.

Nesse sentido, o governante criticou as “cambalhotas ideológicas” dos partidos que apoiavam o anterior governo, considerando que o “atuar sem fazer nada não é a maneira certa de atuar”.
“Nós faremos exatamente o contrário”, disse, defendendo que a CGD precisa de um novo Conselho de Administração, “que está em preparação para tomar posse”, de um novo modelo de governação e de um novo plano de negócios “que estão a ser preparados”.

Durante a discussão, o deputado Leitão Amaro criticou ainda o Governo por aumentar o salário dos trabalhadores da CGD ao mesmo tempo de admitir que a reestruturação do banco público pode implicar a saída de 2.500 trabalhadores.

“No dia em que for publicado o decreto de lei [que permite esse aumento], o PSD apresentará um projeto de apreciação parlamentar para fazer cessar a vigência desse diploma que é inaceitável”, disse.

O ministro voltou a considerar que a “saída limpa foi pequena”, afirmando que hoje os portugueses sabem “exatamente” o que isso quer dizer: “Já todos percebemos também para debaixo de que tapete foi varrida a limpeza da dita saída”.

“Mas os portugueses sabem também que estamos determinados na procura de uma solução que estabilize o sistema financeiro”, disse.

Helena Pereira (Rede Expresso)

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