Centros comerciais esvaziaram ruas do comércio

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Os estabelecimentos de comércio local e tradicional mais antigos das mais emblemáticas ruas algarvias estão pela hora da morte, na opinião da maior parte dos empresários: o aparecimento dos centros comerciais e o estacionamento pago vieram esvaziar ruas e fechar lojas. É o caso das ruas Vasco da Gama (Portimão), 5 de Outubro (Loulé) e Santo António (Faro), lugares difíceis. Onde os negócios mais antigos lutam diariamente para manter as portas abertas, com dificuldades acrescidas como o estacionamento pago e as facilidades de um centro comercial. A contrastar, em VRSA, a azafamada rua Teófilo Braga apenas sofre com o estacionamento pago. Pelo menos, enquanto a cidade não tiver um centro comercial

O JA esteve, durante um dia, nas ruas de comércio mais emblemáticas do Algarve. Há 30 ou 40 anos atrás, eram ruas cheias de vida e de pessoas. E de negócios que começaram a evoluir e a acompanhar o crescimento do turismo algarvio. No entanto, com o aparecimento dos grandes centros comerciais e do estacionamento pago, poucos foram os estabelecimentos que aguentaram as dificuldades, juntamente a crises económicas e pandémicas.


Em Portimão, procurámos um lugar de estacionamento gratuito, que encontrámos junto ao estádio do Portimonense. Após percorrer algumas ruas e atravessar a praça onde se encontra a Câmara Municipal de Portimão, chegamos finalmente à Rua Vasco da Gama, também conhecida por Rua do Comércio.


Esta artéria da cidade de Portimão apresenta-se sem energia. Poucas pessoas a percorrem de um lado a outro e poucas são aquelas que trazem consigo sacos com compras. Olhando para dentro das lojas, há vazio e pouca luz, para poupar na fatura da eletricidade.

Portimão

“Pago para vir trabalhar”

Maria José Mendes, de 82 anos, abriu a sua loja de roupa de criança há cerca de 40 anos, na rua principal do comércio de Portimão, chamada de “Palucha”.


“Há 40 anos as pessoas estavam muito interessadas em ter lojas nesta rua. Consegui este espaço com muita dificuldade e mantive-me aqui até agora. Durante um certo tempo foi bom, mas a partir dos anos 90 com a abertura dos centros comerciais, isto reduziu drasticamente”, começa por explicar a antiga presidente da Cruz Vermelha de Portimão ao JA.


Nessa altura, Maria Mendes conta que muitas das lojas daquela rua transitaram para os centros comerciais, levando consigo os seus clientes.


“Eu tenho dias que não abro a gaveta. Eu venho para aqui porque tenho esta idade e não quero ficar fechada em casa. Sou uma pessoa muito dinâmica, Quero manter-me ainda ativa. Não venho para aqui pelo negócio, porque pago para vir trabalhar. Eu não ganho para a renda, nem para a luz, nem para as despesas”, confessa.


Por aquela rua destaca-se o grande número de lojas fechadas, que se encontram para aluguer ou venda. Segundo a comerciante portimonense, “num espaço de 70 metros, estão três grandes lojas fechadas porque as rendas são altas e não há vendas”.

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“Os clientes não vêm, não há vendas suficientes para que os donos das lojas possam investir, sabendo que à partida não vão tirar rendimento”, acrescenta.


Para Maria José Mendes “é muito difícil competir com um centro comercial”, mas considera que agora “já começam a ficar um bocadinho desertos”, apesar de Portimão inaugurar outra grande infraestrutura do mesmo género em breve com mais de uma dezena de lojas.


O que a diferencia dos centros comerciais são os clientes habituais, que ali adquirem os seus produtos preferidos “há muitos anos”, pois “conhecem a qualidade”.


“Eu não tenho artigo barato. Tenho artigo com qualidade e de origem portuguesa. Os clientes estrangeiros perguntam logo se os produtos são made in Portugal”, refere.


Em relação ao estacionamento pago na baixa de Portimão, Maria José Mendes não se demonstra preocupada, uma vez que “as pessoas estão habituadas a pagar em todo o lado”.

Almerinda Filipe, comerciante em Portimão

A abertura dos shoppings “foi um descalabro”


Um pouco mais abaixo, situa-se há 47 anos a Ourivesaria Filipe. Foi uma das primeiras lojas a aparecer na rua do comércio de Portimão, que impulsionou o aparecimento de outros negócios, ainda no tempo em que os carros ali passavam.


Almerinda Filipe, de 78 anos, salienta ao JA que “a abertura dos centros comerciais foi um descalabro”.


“Assim que abriu aqui em Portimão, foi tudo para lá. E ainda hoje vão, mas já vêm que aquilo não é o que dizem. Começam a voltar, devagar, porque acham que são enganados com o preço”, explica.


A empresária, que agora conta com a ajuda do seu filho, abriu portas da sua loja aos 32 anos e revela ao JA que num centro comercial os clientes não são atendidos da mesma forma que são numa loja de comércio local.


“Nós falamos com o cliente, damos uma opinião e mostramos as coisas. Lá não existe esse atendimento, cada um escolhe o que quiser. Nós estamos aqui para agradar o cliente”, refere.


Almerinda Filipe conta que a rua do comércio onde está instalado o seu negócio “não era nada disto que aqui está” e que “as lojas fechadas dão um aspecto vazio”, além dos prédios degradados.


“Mas a autarquia nada faz. Podiam, pelo menos, pôr o exterior dos prédios em condições”, sugere.


Em relação ao estacionamento pago, a comerciante revela que “também se notou diferença” nas vendas após a instalação de parquímetros e das multas da Polícia Municipal na baixa da cidade.


“O estacionamento pago prejudica-nos. As pessoas vêm a correr porque deixam o carro mal estacionado. Às vezes precisavam de comprar outras coisas e acabam por não o fazer”, refere.


O seu filho, enquanto ouve a conversa, relata uma história e aproveita para criticar a forte intervenção da Polícia Municipal em relação ao estacionamento: uma senhora foi colocar uma pilha num relógio, com o custo de três euros, mas acabou por levar uma multa de 30 euros. A pilha saiu muito cara, neste caso.

Loulé

Antes dos centros comerciais, os hipermercados


Já em Loulé, na Rua 5 de Outubro, o JA falou com Aquilino Pereira, de 66 anos, proprietário da loja de família “Algarlar”. Este negócio com mais de 60 anos “era completamente diferente” há algum tempo atrás.


“O sábado era o dia mais forte, com o comércio aberto o dia todo. Depois com o 25 de Abril de 2974 e o aparecimento dos hipermercados e dos centros comerciais, o comércio local perdeu a expressão que tinha”, começa por dizer Aquilino Pereira ao JA.


O comerciante considera que o início do “ataque” ao comércio local começou nos anos 80, com os primeiros hipermercados.


“Aí começou. Começaram a tirar o dinheiro às pessoas com as promoções. Depois abriram os centros comerciais da Guia, Faro e Portimão. E agora este em Loulé, que é um dos maiores”, explica.


No entanto, o empresário admite que os centros comerciais não vendem os mesmos produtos que a sua loja, “mas quando a pessoa lá vai, acaba por fazer todas as compras no mesmo sítio e os comércios mais pequenos começam a desaparecer”.


Atualmente, Aquilino Pereira considera que centros comerciais agora “servem como um ponto de encontro, que antes acontecia nos centros das cidades, nos cafés e nos restaurantes”.


Em relação à rua onde se situa o seu estabelecimento, conhecida por todo o Algarve pelo seu comércio tradicional que já viu melhores dias, tem a opinião que o que mais prejudica os pequenos comerciantes é o estacionamento pago.


“O que está a desmobilizar mais as pessoas é o estacionamento. Os estrangeiros não se importam de pagar, mas o outro tipo de turista bate-se com este problema do estacionamento pago, que é pouco rotativo. Assim que está a sair um carro, já está outro a entrar”, explica.


Aquilino Pereira acrescenta ainda que “a dificuldade em estacionar continua, seja a pagar ou gratuitamente, porque há muitas pessoas a trabalhar na baixa da cidade, principalmente nos serviços municipais”.


O comerciante, que tem participado em reuniões de Câmara em Loulé, tem apresentado várias vezes este problema e até tem sugestões: Um estudo daquela zona, “de forma a fazer pequenos silos, comprando prédios com o objetivo de dar estacionamento”.


“Eu defendo também a revitalização da zona. Para o comércio existe um parque de terra com mais de 300 lugares, que até costuma esgotar durante o verão, mas o terreno tem dono e um dia aquilo pode acabar”, salienta.


Aquela rua “era a referência em Loulé”, mas atualmente as novas rendas são muito altas, e “é por isso que abrem e fecham negócios muitas vezes, tem acontecido cada vez mais. As rendas são um impacto muito forte para tantos meses fracos”.

Aquilino Pereira, comerciante em Loulé

“Estragaram o comércio tradicional”


Do outro lado da rua está a “Betinha”, como é conhecida há 46 anos. Elisabete Luís, de 76 anos abriu a sua loja de roupa de criança naquela rua “de referência” numa época em que “não havia um metro quadrado para as pessoas estarem”.


Durante maior parte da semana passada, Elisabete Luís não chegou sequer a abrir a gaveta da sua caixa registadora.


“Desde dezembro que isto começou a cair a pique. No Natal, fiz milhares de euros a menos do que em 2020. As pessoas metem-se nos centros comerciais. É uma desgraça. Se não fosse algum tostão que eu tivesse guardado, já tinha fechado isto”, confessa ao JA.


E é com esses tostões que “Betinha” se tem aguentado ao longo dos anos, também com algumas costuras que faz, através de encomendas, para casamentos, batizados e comunhões para todo o País e para o estrangeiro.


“Assim passo o tempo. Se estivesse em casa a olhar para as paredes e para a televisão, já tinha morrido!”, refere.


Há 20 anos, “Betinha” conseguia fazer 10 mil contos a um sábado. Mas agora, se não aguentar isto, recusa-se a ir para casa olhar para a televisão.
Desde que abriram os centros comerciais, principalmente o MarShopping de Loulé, a comerciante diz que “é para esquecer. Estragaram o comércio tradicional”.


“Parece que as pessoas nunca viram um centro comercial. O que nos tem salvo, às vezes, são os estrangeiros. Às vezes costumo dizer que os centros comerciais são bons para as ovelhas: está lá uma folha de couve verde e vai tudo a correr. E vão lá comprar as coisas para oferecer às crianças, colocam num saco da minha loja e depois querem vir aqui trocar. Eu digo logo que não vendo roupa chinesa!”, conta.


Nas suas montras, colocou descontos de 30%, mas nem isso tem salvo o negócio. O vazio continua dentro e fora das lojas daquela rua pedonal.


Em relação ao estacionamento pago no centro de Loulé, a comerciante critica os funcionários da Câmara Municipal, que enchem todos os parques disponíveis, não deixando lugar para os comerciantes e para os clientes.

Faro

“Está totalmente parado”


Já na Rua de Santo António, no coração de Faro, a largura da artéria pedonal ainda acrescenta mais vazio ao local.


Na loja “O Bordado”, com mais de 60 anos de existência, encontra-se Maria dos Anjos, de 77 anos, que trabalha naquele estabelecimento como gerente há 40 primaveras.


“Às vezes nem vale a pena estar aqui. Para fazer o quê? Não se vende nada. Ontem não se vendeu nada. Não houve nada para fazer”, confessa.


Devido ao seu produto estar mais direcionado para os turistas, a gerente não sentiu uma grande diferença com a abertura de centros comerciais, mas considera que o Fórum Algarve “também está a atravessar alguma crise”, mas que “é natural as pessoas irem para lá”.


Já em relação ao estacionamento pago na baixa farense, a gerente que o utiliza diariamente, confessa que tem notado uma grande diferença no número de carros.


“Sei logo quando não vai haver clientes. Basta chegar ao estacionamento e ser fácil pôr o carro”, explica.


A pandemia de covid-19 é o que mais preocupa a gerente da loja, além da falta dos turistas: “A covid-19 está a pôr famílias inteiras fechadas em casa. Chegam as 19:00 e a rua está deserta. Mas estou com esperança no verão”.


Agora durante o mês de janeiro, Maria dos Anjos confessa que “nunca aconteceu igual”.


“Nesta altura não faturávamos nada de especial, mas já dava para as despesas. Agora estou a ver isto a passar por uma fase que não me lembro de já ter acontecido!”, refere.

“Atravessar a Rua de Santo António era uma alegria”


Em direção à Ria Formosa, passámos pela joalharia Margarido. João Paulo Margarido, de 75 anos, abriu aquele estabelecimento há 39 anos e refere ao JA que a Rua de Santo António “não tem comparação com aquilo que era”.


“Passar a rua de Santo António era uma alegria. Agora vemos metade das lojas fechadas. Isso é o reflexo daquilo que vivemos agora”, explica.


Naquele estabelecimento chegaram a trabalhar oito pessoas em simultâneo. Agora mantém-se apenas João Paulo Margarido.


O proprietário considera que o estacionamento pago contribuiu para a quebra de vendas ao longo dos anos, mas acha que “se não fosse isso, as pessoas estacionavam aqui os carros e nunca mais os tiravam. Depois o cliente não ia conseguir estacionar. Isso já existe em todo o lado e todos sofrem do mesmo. Se não fosse pago, claro que facilitava”.


Em relação aos centros comerciais, João Paulo Margarido revela que foi “um negócio imobiliário que resultou e que teve influência no comércio”.


Mas, no entanto, considera ainda que em tempo de pandemia os shoppings “juntam muita gente e não é aconselhável”.


Com muitas lojas fechadas, a Rua de Santo António também sofre o problema dos elevados preços das rendas. Por outro lado, têm aparecido novas marcas, um ponto positivo para o comerciante, “pois umas chamam as outras”.


Atualmente, o negócio “vai andando, a ver se conseguimos ganhar para as despesas, que são diárias. Quando meto a chave à porta, já tenho despesa feita”, conclui.

Vila Real de Santo António

A exceção à regra na fronteira


O concelho de Vila Real de Santo António é uma das exceções à regra, relativamente à concorrência entre centros comerciais e o comércio local. A Rua Teófilo Braga, ou “Avenida” como é conhecida popularmente, já viveu dias de glória, mas o facto de não existir um centro comercial no concelho tem contribuído para o desenvolvimento daquela artéria de comércio, conhecida além fronteiras.


Noutros tempos, as enchentes de clientes espanhóis eram quase diárias. Tal como as lojas de atoalhados a cada metro quadrado. Atualmente, além de existir muito comércio tradicional, algumas grandes marcas estão a investir e a dar uma nova imagem à rua, que recentemente foi intervencionada com um novo piso.


Em frente ao Centro Cultural António Aleixo está a “Josita” há 33 anos, a vender os artigos mais populares da zona: os atoalhados, que fazem as delícias de nuestros hermanos.


Maria Domingas Guerreiro, a proprietária de 68 anos, recorda outros tempos: “Antigamente nós trabalhávamos bem durante seis meses e os outros seis era mais ou menos. Agora, não temos um único mês bom”.


A vilarrealense revela ainda ao JA que ali passa alguns dias “a zeros”, apesar de saber que o mês de janeiro é, desde sempre, o mais fraco.


O facto de não existirem centros comerciais no concelho, estando os mais próximos em Tavira e Ayamonte (Espanha), “ajuda um pouco”, apesar de nessas estruturas “as lojas não possuem a qualidade e os preços que existem em Vila Real de Santo António”.


“Mesmo que tenham melhores preços, não têm melhor qualidade e não são de origem portuguesa. Felizmente, tenho todos os artigos de origem nacional, que, cada vez mais, são procurados pelos estrangeiros”, explica.


No entanto, o aparecimento de grandes hipermercados no concelho pode estar a ser uma concorrência para o comércio tradicional, uma vez que “acabam por ter um bocadinho de tudo”.


Além do baixo poder de compra, outro fator que influencia as vendas é o estacionamento pago.


“As pessoas vêm à pressa e às vezes nem compram por causa do tempo do estacionamento estar a acabar. As pessoas nem têm sossego para ver os produtos. Às vezes entram as mulheres nas lojas e os maridos começam a dizer que têm de ir embora rápido, porque está na hora de tirar o carro”, salienta.

Gonçalo Dourado

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1 COMENTÁRIO

  1. Problema de difícil solução. Na minha modesta opinião há tipos de zonas comerciais que se mantêm sem problemas:
    1. As zonas de elevado nível comercial, frequentadas por clientes de bom poder aquisitivo. As marcas de topo de gama estão juntas e assim protegem-se digamos, exemplos estrangeiros:
    Faubourg St Honoré em Paris
    Ilha de Capri, Itália
    Ilha de Santorini, Grécia
    2. As zonas de comércio tradicional sitas em locais de alto valor cultural e urbanístico, exemplos estrangeiros:
    Souks de Marrocos, Irão. Algumas dessas zonas são património da Humanidade.Lá há profusão de comércios, dignos de ver.
    3. Comércios de marca própria de renome internacional tais como alguns de Capitais europeias As zonas de comércio tradicional algarvia não entram em nenhuma dessas categorias. As causas são múltiplas, cito apenas algumas: a falta de união, poder negocial com as autoridades públicas, fraca criatividade, etc.
    Conclusão: Infelizmente é uma causa quase perdida

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