Cheira-me a queimado

Foi uma semana em cheio para o nosso António Guterres. Depois de ter andado a navegar à vista na questão da guerra, agora esforçou-se (deixaram-no esforçar-se, para andar mais próximo da verdade), nos cereais e parece que conseguiu um acordo para quatro meses que não sei se terá pernas para andar, mas se não, então que tragam uma cadeira de rodas. Cereais é comigo e não podem faltar ao pequeno-almoço, já do óleo de girassol sou pequeno consumidor directo, mas em geral estou a favor. Penso que agasalham o estômago e devem ter uma data de propriedades medicinais que de momento não me ocorrem. Aliás tenho a certeza que as pessoas do mundo se dividem em duas partes: os que comem cereais e os que não. Os russos são os que, de certeza não comem, por isso fazem muito turismo nas regiões vizinhas, mas geralmente vão de tanque, o que acrescenta despesa e uma série de aborrecimentos, em geral para os outros. Já antes, o nosso Guterres se tinha saído com uma daquelas frases bombásticas que o caracterizam e que, em geral, nos enchem de serenidade e vontade de viver, afirmando a respeito da seca que afecta parte da Europa, que vamos “cometer suicídio colectivo” – tudo por causa das alterações climáticas e dito assim a frio parece-me uma das mais tranquilizadoras frases que tenho ouvido. Dir-me-ão os meus quatro amigos que tem que se fazer alguma coisa para despertar a nossa consciência e potenciar a nossa ansiedade, mas para isso podiam – só por exemplo, inventar uma aplicação para telemóvel (todas as grandes invenções chegam agora numa aplicação de telemóvel), que de vinte em vinte minutos, nos alertaria para os males climáticos do mundo ao mesmo tempo que comandava o uso das formas de energia e recursos: estávamos a tomar banho, fechava a água; a aquecer a sopa, apagava-se o gás ou desligava a electricidade, se fosse no micro-ondas. O que pensa Guterres que iremos fazer com uma frase daquelas? Atiramo-nos ao mar e dizemos que nos empurrarem?, como canta Domingos Caetano? Esta loucura (em breve estaremos todos submersos em água salgada) está cada vez mais presente e noutro dia, um noticiário de um canal dito sério, apresentou uma peça que pretendia mostrar as alterações climáticas ao quilo: fogos em Itália, Espanha, Portugal e quatro casas nos arredores de Londres. Agora posso perguntar o seguinte? O que existia entre as quatro casas a arder em Londres e os incêndios florestais? Só o fogo. O calor era tanto que arderam, assim do nada? Nas zonas mais quentes ardem mais casas? Junto ao equador é vulgar existirem incêndios domésticos? E no Saara? Não sabemos, mas, pelos vistos receamos que sim. Já vos disse que sou um grande adepto de cereais ao pequeno-almoço? Estamos mal, aumenta tudo com a guerra. Por cá, até as casas antigas subiram mais que as modernas. É que o ferro vinha da Ucrânia e não sabíamos.

Fernando Proença

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