China quer dominar mercados de matérias-primas

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A confrontação política no Congresso norte-americano e o risco de uma nova crise regressar a Washington DC no primeiro-trimestre do próximo ano está a ter uma consequência inesperada, para muitos – o reforço da emergência da moeda chinesa nos mercados de matérias-primas (commodities).

A China, que é o principal credor do Tesouro norte-americano, colocou no terreno uma estratégia de afirmação do yuan (ou renminbi, a moeda chinesa), que não pretende confrontar diretamente os Estados Unidos no terreno global de moeda de reserva mundial. A estratégia é aproveitar a situação de desconfiança sobre a dívida norte-americana e sobre a estabilidade orçamental em Washington DC para criar uma rede mundial de circulação do yuan como principal divisa em vários mercados de commodities. Esse é o primeiro passo para uma “desamericanização” do mundo económico de que falam fontes oficiais chinesas. O primeiro sinal foi dado por um comentário no dia 13 de outubro no site da agência oficial chinesa Xinhua usando a expressão.

O banco HSBC prevê que o yuan seja a terceira divisa mundial no comércio internacional em 2015 e que será totalmente convertível nos próximos cinco anos, referia domingo o “The Telegraph”, em Londres. A consultora britânica Wood Mackenzie estima que 52% do mercado atual de metais básicos será dominado pela China em 2017, que consumirá mais do que todo o resto do mundo.

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City quer ser segundo centro offshore em moeda chinesa

Na corrida para secundar Hong Kong como polo offshore, estão Londres e Frankfurt na Europa e Singapura na Ásia. Também Taiwan e Quénia procuram um lugar ao sol nesta rede fora da China e Hong Kong.

A City londrina pretende tomar a dianteira. O pontapé de saída da estratégia entre Pequim e Londres ocorreu na semana passada. O chanceler do Tesouro britânico, George Osborne, anunciou, na China, um “acordo histórico” que permite aos investidores britânicos um acesso direto aos mercados chineses e uma expansão das operações dos bancos chineses no Reino Unido. Segundo a SWIFT, citada pela Reuters, Londres já domina 62% das transações em moeda chinesa fora da China e Hong Kong.

O acordo colocará a City londrina – que já é o centro financeiro do comércio de metais e de divisas – como um dos polos fundamentais da circulação da moeda chinesa. A China autorizará os investidores baseados na City a adquirirem 80 mil milhões de yuan (9,6 mil milhões de euros) em ações, títulos e veículos financeiros, transformando Londres no segundo centro offshore de moeda chinesa depois de Hong Kong.

O mecanismo alavancado será o Renminbi Qualified Foreign Institutional Investor(RQFII), que, pela primeira vez, será usado para além das fronteiras de Hong Kong.

“A minha ambição, disse então Osborne, é que Londres seja o polo ocidental para os negócios em yuan”. Na ocasião, o chanceler do Tesouro britânico anunciou, ainda, que o Industrial and Commercial Bank of China (ICBC) – o maior banco do mundo em valor de mercado – emitirá em novembro em Londres títulos denominados na moeda chinesa, no valor de 2 mil milhões de yuan (o equivalente a 240 milhões de euros), tornando-o o primeiro banco chinês a ir ao mercado financeiro diretamente na Grã-Bretanha.

Jorge Nascimento Rodrigues (Rede Expresso)

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