O Serviço de Nefrologia do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA), está já a utilizar o sistema de telemedicina na área da diálise peritoneal. Os doentes com insuficiência renal crónica podem realizar o tratamento de diálise peritoneal a partir de casa através de um sistema inovador que lhes permite a ligação remota aos profissionais de saúde que acompanham o tratamento no hospital.
No Serviço de Nefrologia do CHUA são acompanhados, atualmente, 16 doentes com insuficiência renal crónica nesta modalidade de tratamento.
Segundo o diretor do Serviço de Nefrologia do Hospital de Faro, Pedro Neves, a telemedicina em diálise peritoneal “permite uma melhoria da acessibilidade aos cuidados de saúde, assim como um melhor aproveitamento da capacidade e dos recursos humanos existentes no serviço de Nefrologia, com uma diminuição clara dos gastos”.
O especialista acrescenta que “em zonas geográficas onde o doente tem de percorrer distâncias consideráveis para realizar o tratamento, como é o caso do Algarve, a telemedicina assume-se como uma opção de tratamento muito benéfica. A maior autonomia na gestão da doença e a manutenção da sua qualidade de vida são aspetos muito valorizados pelo doente”.
Filipe Granjo Paias, diretor geral da Baxter Portugal, empresa farmacêutica e de produtos médicos que desenvolveu este projeto pioneiro, lembra que “a finalidade da telemedicina em diálise peritoneal é melhorar a qualidade de vida dos doentes com insuficiência renal crónica, numa lógica de equidade, sustentabilidade e eficiência das unidades do Serviço Nacional de Saúde”.
A monitorização dos dados permite que os médicos acedam remota e diariamente à informação de tratamento dos seus doentes, efetuando os ajustes necessários à terapêutica e possibilitando um cuidado personalizado.
Em Portugal, os registos da Sociedade Portuguesa de Nefrologia (SPN) indicam que por ano entram em falência renal cerca de 2.500 portugueses. Estima-se que estejam em tratamento de substituição da função renal cerca de 12 mil doentes, 25% com idade superior a 80 anos.
O projeto piloto de Telemedicina em Diálise Peritoneal teve início em 2016 nos Centros Hospitalares de Lisboa Norte e Lisboa Ocidental, e Centro Hospitalar São João, no Porto. Atualmente, são mais de 160 os doentes a beneficiar desta tecnologia inovadora e o projeto estende-se já a 12 hospitais do país.