Filmes holandeses, espanhóis e franceses, para além de diversas películas sul-coreanas arrebataram os principais prémios do Fantasporto 2011.
“Two Eyes Staring” do realizador holandês Elbert Van Strien teve o Grande Prémio do Fantasporto 2011. Obra que joga com a ambiguidade entre o que vemos e o que julgamos ver, recria uma atmosfera que evoca a de alguns filmes de David Lynch (ver crónicas anteriores).
A 21ª Semana dos Realizadores foi ganha por “The Housemaid/A governanta” do sul-coreano Im Sang-soo. Os melhores efeitos especiais foram os do filme fantástico espanhol “A Herança Valdemar, parte II” e o prémio do público distinguiu um realizador francês que começou a notabilizar-se no Fantasporto em 1984: Luc Besson, aqui com passagem para o ecrã da banda desenhada “Adele Blan Sec”.
Apesar da crise, da quebra dos apoios e patrocínios e da diminuição do poder de compra, os números de espectadores terão sido da ordem de grandeza do ano passado. “Este é um festival que aposta no bom cinema, seja este europeu, asiático ou norte-americano”, sublinhou na conferência de imprensa de apresentação dos prémios Beatriz Pacheco Pereira, uma das organizadoras do festival.
Ainda assim, dos 300 filmes passados, 80% são europeus e cerca de 10% asiáticos, pelo que a presença do cinema das “majors” norte-americanas é diminuta, ainda que abrilhantando sessões de abertura e encerramento. Tal como o ano passado o Fantasporto investiu na passagem de cópias restauradas de clássicos: desta vez foi “Boudu, Salvo das Águas” de Jean Renoir (o ano passado fora “Orfeu” de Jean Cocteau).
Mário Dorminsky, outro dos organizadores do Fantasporto chamou a atenção para o abismo existente, já não entre o Porto e Lisboa, mas entre o resto do país e a capital no que respeita a apoios e investimento público na cultura. Sublinhou que, por exemplo, o festival do Estoril recebe 20 vezes mais dinheiro do Turismo de Portugal para trazer realizadores e actores ao nosso país que o Fantasporto.