Cirurgiões recusam fazer urgências mas Hospital substitui-os por tarefeiros

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As escalas de serviço durante os três primeiros dias de recusa às urgências das chefias da Cirurgia do Hospital de Faro foram asseguradas, pelo que, apesar daquela forma de luta, não houve períodos sem médicos cirurgiões, garantiu ao JA fonte da Administração do Hospital de Faro.

A mesma fonte escusou-se a revelar se algum dos mais de 20 médicos que ameaçaram faltar ao serviço nos primeiros 13 dias de março acabou por comparecer. Contudo, a administração do centro hospitalar já garantira que o serviço não estaria comprometido graças ao recurso a médicos externos, prestadores de serviços.

Em causa está o anúncio dos chefes de equipa de Cirurgia do Hospital de Faro com mais de 55 anos que, na semana passada, se mostraram indisponíveis para fazer urgências a partir de 1 de janeiro (o passado domingo), justificando a medida com a continuação de condições de trabalho degradadas. A decisão recebeu a solidariedade do bastonário da Ordem dos Médicos.

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Depois dos 50 anos os médicos não são obrigados a fazer urgências, pelo que não se trata de uma greve, mas de uma recusa. Em 2020 os chefes de equipa de cirurgia do hospital de Faro dizem que vão fazer uso desse limite, porque a falta de condições os levou à exaustão.

Entretanto, fonte do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário disse ao JA que se reuniu na sexta-feira, dia 28, com os respetivos cirurgiões do quadro de pessoal, afetos ao Centro Hospitalar Universitário do Algarve.

Ao JA, a Administração reconhece as expetativas dos médicos relativamente às questões salariais, e tendo em conta que as alterações relativamente a questões remuneratórias não dependem do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA), “o Conselho de Administração só pode aguardar que superiormente sejam realizadas as necessárias alterações legislativas”.

“Em relação à questão que colocou sobre as escalas de cirurgia do Serviço de Urgência de domingo (1 de Março) e segunda-feira (2 de Março), as mesmas foram asseguradas e garantidas”, sublinha a Administração do CHUA.

O Conselho de Administração garante que está a trabalhar “de forma empenhada e conjuntamente com os profissionais e com a Direção do Serviço de Cirurgia Geral” no sentido de garantir a resposta na especialidade, “pois só com o empenho e colaboração entre todos – médicos do quadro e médicos prestadores de serviço – temos conseguido assegurar uma resposta de âmbito regional”.

PSD questiona ministra da Saúde


Os deputados do PSD eleitos pelo círculo eleitoral de Faro entregaram no início desta semana uma pergunta à ministra da Saúde para esclarecimentos sobre as notícias que dão conta da determinação de um grupo de 10 cirurgiões do CHUA de abandonar o SNS, devido ao facto de os médicos tarefeiros serem remunerados em mais do triplo à hora que os médicos com vínculo à instituição.

“Prevê-se que esta situação se agrave a partir de dia 1 de março, quando os médicos acima de 55 anos, tal como tinham assumido, não assegurarem a realização de urgências e por isso não estarem asseguradas as escalas de cirurgia neste serviço no Hospital de Faro por um período de 13 dias, enunciam os deputados do PSD em comunicado tornado público no final da semana.

O PSD observa que os cirurgiões recebem perto de 15 euros por hora, enquanto o CHUA despende 50 euros à hora com os tarefeiros, sendo que – sempre de acordo com os sociais-democratas, estas prestações de serviços têm crescido a um ritmo exponencial, consumindo recursos desproporcionais, quando estas contratações fazem apenas sentido para momentos de picos de procura. 

Todavia, realça o social-democrata Cristóvão Norte, “a carência é tão grande que a exceção é hoje a regra. Isto mina a lógica de grupo, o acompanhamento dos doentes, o sentimento de justiça e mostra a inação e incapacidade de melhorar as condições para fixar médicos que têm sido prometidas”.

“Com os tarefeiros as cirurgias são realizadas sem que haja posteriormente qualquer acompanhamento do doente”, declarou Cristóvão Norte ao JA.

O deputado eleito pelo círculo de Faro refere que “não há nem vai haver novo hospital, não há investimento em equipamentos, estamos cada vez mais a correr com os médicos do SNS. São maltratados e desvalorizados. Tudo isto pesa no desnorte que se faz sentir no Algarve”.

João Prudêncio

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