Clube da bancarrota: Portugal sobe para 5.º lugar

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Os mercados abriram hoje com a subida de Portugal para o 5.º lugar do top 10 mundial do risco de default, ultrapassando o Paquistão.Juros da dívida pública a 10 anos estão de novo em alta.
Como já indicava a evolução do risco de default (incumprimento da dívida soberana) ontem no fecho, Portugal subiu, hoje, pela manhã, ao 5.º lugar do top 10 mundial da probabilidade de incumprimento, com 33,8%, segundo o monitor da CMA DataVision, ultrapassando o Paquistão.
Dado que a diferença de risco é muito pequena em relação ao Paquistão, poderá ocorrer um sobe e desce ao longo do dia entre os dois países. No entanto, esta “graduação” negativa sinaliza o agravamento das condições de crédito em relação a Portugal.
Os juros da dívida pública portuguesa a 10 anos abriram a subir, de novo. Fecharam, ontem, nos 6,78% e estão hoje nos 6,85%, segundo a Bloomberg. O spread (diferença) em relação aos juros de remuneração dos Bunds alemães (títulos de referência na zona euro) aumentou, situando-se quase em 4,5%.
A linha vermelha dos 7% nos juros a 10 anos poderá estar a ser “testada” como antecâmara para o leilão de Obrigações do Tesouro (OTs) a ser colocado amanhã pelas 10H30 pelo IGCP (Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público). O leilão prevê OTs com maturidades em 2016 e 2020 num montante indicativo entre 750 e 1250 milhões de euros.

Risco político elevado na Irlanda
Contudo, a situação mais volátil ultimamente continua a ser a da Irlanda. Quer os juros da dívida quer o risco de default regressou à alta hoje de manhã. Os juros da dívida pública a 10 anos estão nos 7,89% e os analistas falam dos mercados poderem testar hoje os 8%. O Tigre Celta mantém o 3º lugar no TOP 10 mundial do risco de default, com quase 41%.
Os analistas coincidem na opinião que, a par da situação muito difícil da banca irlandesa (ontem, o custo dos credit default swaps, seguros contra esse risco, disparou em relação a alguns desses bancos), é elevado o risco de desagregação da coligação maioritária que suporta o governo liderado pelo Fianna Fáil.
A prova de fogo será a aprovação do orçamento para 2011 que será discutido em dezembro e que prevê um corte da despesa pública na ordem dos €6 mil milhões e a imposição de novos impostos ligados à propriedade imobiliária e ao consumo de água residencial (uma taxa fixa anual). O governo tem uma maioria no parlamento, o Dail, apenas, de três lugares, dois deles de independentes e arrisca-se a perder um outro em eleições em Donegal South West no próximo dia 25. Há, também, rumores de dissensões dentro do Fianna Faíl e a oposição do partido de coligação, os Verdes, a algumas medidas previstas.
O comissário da União Europeia para os Assuntos Económicos e Monetários, Olli Rehn, em visita à Irlanda, insistiu num entendimento entre os partidos para o apoio ao plano de ajustamento de 2011 (que pretende reduzir o défice público de 32% para 10% do PIB), mas a Morgan Stanley vaticinava ontem que a Irlanda poderá ter de acabar por recorrer à Facilidade Europeia de Estabilização Financeira.

JNR/Expresso/JA

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