Coligação PS-CDS? “Seria um grande Governo”

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Basílio Horta integrou como ministro do Comércio o único Executivo PS/CDS da história da democracia portuguesa

Basílio Horta tem um longa história no CDS: foi fundador do partido, líder parlamentar, candidato derrotado à presidência dos centristas, candidato presidencial, ministro… Também já vai tendo história no PS: embora não seja militante, já foi deputado eleito nas listas socialistas, vice-presidente da bancada parlamentar, presidente da AICEP indicado pelo governo de José Sócrates e atualmente preside à câmara de Sintra, eleito com as cores do PS. E tem, num currículo tão insólito, um momento verdadeiramente exótico: foi ministro do Comércio e Turismo no único (e breve) governo de coligação entre PS e CDS. A experiência durou sete meses, e nunca foi repetida… até agora. Nada que impeça Basílio de defender que essa pode ser uma boa opção caso os socialistas ganhem as legislativas de 2015 com maioria relativa.

“Um Governo PS-CDS seria um grande governo, não tenho dúvidas nenhumas em dizê-lo”, responde, quando questionado pelo Expresso Diário com esse cenário para 2015. No dia em que voltou ao convívio com o partido que ajudou a fundar, num almoço que juntou na Assembleia da República o atual e os antigos líderes parlamentares do CDS, em mais uma iniciativa de comemoração dos 40 anos do partido, Basílio não esconde o entusiasmo perante a possibilidade de António Costa e Paulo Portas se juntarem no mesmo Executivo.

Nada de muito surpreendente se tivermos em conta que, já durante o segundo Governo de Sócrates, Basílio tentou mediar um acordo com Portas, para que este aceitasse ser ministro, em troca do apoio do CDS a esse Executivo de maioria relativa.

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Apesar de gostar da ideia de um entendimento entre os dois partidos nos quais fez o seu percurso político, o autarca de Sintra não esconde que esse não é o cenário que mais deseja para as eleições do ano que vem. “Espero que o PS tenha maioria absoluta e tudo farei para ajudar a que isso aconteça”. Porém, mesmo que esse objetivo seja alcançado, diz que “gostaria de ver em redor do PS um governo de unidade nacional, para mudar a política e fazer as reformas que ainda não foram feitas”.

É, aliás, nesse sentido que lê as palavras de António Costa no congresso do PS: “não excluir ninguém”. E, aí, Basílio entende que “o CDS obviamente teria lugar”, mas “também o PSD, o PCP, o BE, e o Livre” – se não formalmente enquanto partidos, incluindo no Governo pessoas que representem a sensibilidade dessas formações políticas. “Mesmo que o PS tenha maioria absoluta, não deve excluir as pessoas competentes por causa do seu percurso político”. E lembra o seu caso em Sintra, onde conseguiu um acordo que junta PCP e PSD.

Portas lembra tempos de resistência

Basílio foi um dos ex-líderes parlamentares do CDS convidados para mais uma iniciativa de celebração dos 40 anos do partido. Momento para Portas (na dupla qualidade de presidente do CDS e ex-líder parlamentar – que também o foi) lembrar os tempos de resistência em que a bancada centrista tinha quatro deputados e cabia num táxi. “Se não fossem esses quatro deputados, é difícil acreditar que a chama tivesse sido mantida acesa”, disse Portas, exaltando a capacidade de resistência do seu partido. Quem sabe se a pensar nos tempos difíceis que tem pela frente.

Num discurso de unidade e mobilização, Portas afirmou, numa generalização bastante livre, que o CDS “só foi chamado ao Governo quando a casa estava a arder e a bancarrota estava perto”. E defendeu que “tivesse o CDS mais força, e pudéssemos governar em tempos normais, daríamos conta do recado”.

A ouvi-lo, para além dos atuais deputados e governantes centristas, 10 ex-dirigentes da bancada. Desde Gomes de Pinho, Nogueira de Brito e Narana Coissoró a Mota Soares, Nuno Melo ou Diogo Feio. Uns com muito passado no CDS, outros a pensar no futuro que ainda podem ter no partido. Uns portistas impenitentes, outros com história de oposição a Portas. E outros ainda com caminhos muito diferentes, como Basílio ou Rui Pena, que acabaram por se chegar ao PS. Como dizia em tempos Basílio Horta, “o CDS é um partido onde todos se odeiam cordialmente”. Hoje só se viu a parte do “cordialmente”.

RE

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