Será o que mais anseiam aqueles que, nestes tempos inquietantes conturbados em que vivemos, se encontram ligados ao fenómeno cultural de maior magia e impacto social nos dias de hoje: o desporto!
Dois mestres – porque sábios! – Manuel Sérgio e Gustavo Pires, deixam-nos algumas ideias-pensamentos que em muito poderão ajudar à tão desejada prática ‘no terreno’ (onde tudo acontece e se resolve), na via de um efetivo movimento de libertação, através de uma linguagem simples, mas, ao mesmo tempo, responsável e responsabilizante.
Expressa Manuel Sérgio, filósofo, professor catedrático, escritor, provedor nacional para a Ética no Desporto: “Os clubes de maior nomeada funcionam hoje como instrumentos de conservação do poder, por parte de grupos de interesses, arredando os sócios das magnas decisões sobre a coisa desportiva. Daí o seu carácter indiscutivelmente oligárquico. Escasseiam os combativos militantes de uma cultura desportiva, que seja cultura, isto é, humanização progressiva do Homem, da Sociedade e da História. Só com prática humanizante, movimento em em direção à transcendência, o Desporto é salutar”, sublinha o mestre.
Por sua vez, Gustavo Pires, professor catedrático, escritor, introdutor no nosso País da disciplina de Gestão no Desporto, por ele criada com carácter científico e universitário, de facto, notável. Sem se refugiar num certo ‘deixar andar’, perante situações contrárias, antes e enquanto especialista na matéria, em função do que faz e foi descobrindo na senda das coisas se poderem constituir num poderoso fator de desenvolvimento: “Através da indústria do lazer, o desporto entrou naquilo que poderemos designar como a era económica. De facto, se o desporto dantes era um sistema integrador de uma cadeia vertical de valores sociais, hoje, cada vez mais, é um sistema integrador de uma cadeia de valores económicos em conformidade, a conceção do posto de trabalho, nos mais diversos ambientes que caracterizam as práticas desportivas, está um processo de transformação acelerada que acabará por definir o gestor do desporto do futuro e as suas especialidades”, alerta-nos o mestre.
Se e com palavras simples, considerarmos que ter sentido ético corresponderá a: “Conjunto de coisas que fazemos e atitudes que tomamos com ‘todo o mundo’ a nos observar”, então, por exemplo, no plano dos decisores, quem, como, quando e onde estará em condições de gerir o processo de desenvolvimento desportivo?
Se e com ‘sentido ético’ haverá que contrariar a venenosa semente da demagogia que, vezes quantas, perante uma legião de basbaques, dispostos a prestar vassalagem, imagine-se (!), não conseguem ver mais e melhor, separando o trigo do joio, no (mais) assertivo comportamento, porque, cá está (!), responsável e responsabilizante.
Se é verdade que a Ética não basta para o desenvolvimento desportivo, certo é que, sem Ética, não há desenvolvimento desportivo.
Com afeto, e porque mais propício a uma serena e atenta reflexão, um bom resto de Tempo Pascal.
Humberto Gomes