Comemorar Abril em tempo de pandemia

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Somos defensores das comemorações de Abril em qualquer circunstância. A data representa tanto para o povo português que mesmo sob as restrições impostas pelo Estado de Emergência, não deve deixar de ser celebrada, no Parlamento, em casa e no trabalho. Com as cautelas que a pandemia nos impõe e, sobretudo, sem as manifestações, os comícios e as iniciativas populares que, em situação normal, caracterizam esta que é a Grande Festa da Liberdade.

Nada pode ser comparável a estas comemorações, porque nenhuma outra festa, civil ou religiosa, por mais importante que seja, representa tanto para Portugal. Nenhuma outra data nos marcou tanto como aquela ação revolucionária protagonizada pelo Movimento da Forças Armadas, com o apoio de um povo ansioso por Liberdade.

Digam o que disserem, argumentem da forma que entenderem, evocando até razões de natureza sanitária, mas para nós como para a esmagadora maioria dos portugueses, não se pode abrir mão da celebração de uma data que assinala o fim do fascismo e a reconquista da democracia representativa, que nos restituiu direitos e liberdades. E quando a Assembleia da República está em plenas funções, ainda que com limitações, este é o local mais simbólico e representativo para o fazer.

A pandemia e as medidas de distanciamento, recolhimento e proteção individual que foram, e bem, decretadas e estão, de um modo geral, a serem exemplarmente cumpridas, não podem servir de pretexto para alimentar a vontade da minoria que sempre esteve contra o 25 de Abril. Se estas diferentes posições refletem uma dicotomia entre esquerda e direita não é pelo facto do país estar em quarentena, mas porque a direita e mais ainda a extrema direita, sempre foram contra o 25 de Abril. Acomodaram-se, adaptaram-se mas nunca se conformaram e não perdem a mais pequena oportunidade para destilarem o seu ódio a tudo o que essa data tem de mais revolucionário. Com ou sem pandemia.

Infelizmente, temos que admitir que, alinhados, com a posição dessa minoria contrária ao espírito e aos ideais de Abril, há gente honesta que acredita que o Parlamento, por uma questão de coerência e respeito por outras proibições que entretanto aconteceram, devia evitar, agora, esta comemoração.

Talvez não fosse necessário tanta gente no Parlamento como inicialmente se previa, número que agora se reduziu, mas deixar de assinalar esta data num órgão em pleno funcionamento, NUNCA!

Nós como milhões de portugueses vamos cantar à janela Grândola Vila Morena e o Hino Nacional!

Fernando Reis

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