Como vai decorrer o próximo ano letivo? “sempre que possível”…as coisas vão correr bem!

A Direção Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGEsTE), a Direção Geral de Educação (DGE) e a Direção Geral de Saúde (DGS) tornaram públicas, no dia 3 de julho, orientações para a organização do ano letivo 2020/2021, a par da publicação, em Diário da República, do respetivo calendário escolar.


O responsável político pela Educação do governo PS de António Costa não assina nenhum destes documentos. Continuamos a não saber qual o papel que é atribuído a Tiago Brandão Rodrigues neste governo… Quando este senhor diz na TV, que as turmas tal como estão cabem nas salas, está a fugir à verdade! Ele sabe que, com turmas de 30 alunos é completamente impossível o distanciamento social, que, dentro de uma sala, nem sequer chegará a um metro. Os pais devem ter consciência que este ministério está a pôr em risco a vida dos seus filhos e familiares, para já não falar dos professores e funcionários.


Nos documentos agora divulgados a palavra de ordem é…”sempre que possível…”. Se não, vejamos:


“sempre que possível” devem desenvolver-se atividades em pequenos grupos ou individualmente;
“sempre que possível” devem privilegiar-se atividades em espaços abertos;
“sempre que possível” deve assegurar-se que os objetos partilhados são desinfetados entre utilizações;
“sempre que possível” os horários das aulas, intervalos e períodos de refeições devem ser desfasados para evitar contactos entre os alunos;
“sempre que possível” os alunos devem manter um distanciamento de 1 metro…


E se não for possível?


Paciência…mas as coisas hão-de correr bem!


Ora, estas intenções governamentais não são mais que isso mesmo… intenções!


Os diretores das escolas, os docentes, não docentes, alunos e famílias sabem que os espaços físicos das escolas e os recursos humanos existentes são insuficientes para pôr em prática todas estas medidas para todos os alunos em regime presencial.


O governo já sabe que o retorno às atividades letivas presenciais não vai ser para todos os alunos…os considerados mais autónomos (3.º ciclo do ensino básico e o ensino secundário) continuarão com o chamado “ensino a distância”, o qual já ficou provado não trazer benefícios para ninguém.


Definiu o governo que as primeiras 5 semanas de aulas serão para recuperar aprendizagens que ficaram prejudicadas neste ano letivo. Mas porquê 5 semanas? Os alunos não são máquinas para aprenderem todos o mesmo e ao mesmo tempo em todas as escolas do país. O conceito de Inclusão, diferenciação pedagógica e flexibilidade curricular, grandes “chavões” políticos deste governo, estão muito deturpados.


Mas se é assim… por que razão o governo vai apenas reforçar a verba da Educação em 125 milhões de euros, numa situação em que precisamos de mais docentes, técnicos e assistentes operacionais para dar as respostas necessárias a todos os alunos? 125 milhões de euros dará para contratar, em média, mais 2 ou 3 docentes, mais 1 ou 2 assistentes operacionais e mais 1 ou 2 psicólogos ou terapeutas por agrupamento. Imaginem o que não dava para contratar, neste período tão crítico, com os 850 milhões oferecidos ao Novo Banco…


Mas lá está… são opções políticas…


Mais uma vez, no próximo ano letivo, serão os já insuficientes docentes e não docentes que farão tudo para que corra bem em benefício dos alunos… porque a aposta do governo do PS de António Costa em matéria de Educação é… vai tudo correr bem, sempre que possível!

Ana Simões

Educadora de Infância, Dirigente coordenadora distrital de Faro do SPZS

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