COMUNICANDO DESPORTIVAMENTE:

É um facto, numa altura em que muitos preconizavam que os organismos que superintendem no futebol europeu e mundial, respetivamente a UEFA e a FIFA, não deixariam de aplicar “penas pesadas” pela ingerência do Governos, ou, até, dos Parlamentos, pela intervenção no movimento associativo e nas suas próprias regras de operacionalização, competições incluídas, o certo é que, destemidamente, com exemplos vindos da França, Bélgica e Holanda, a prática e as decisões legislativas avançaram.  

Assim, enquanto a França, num ápice, determinou o “fim da época desportiva”, na Bélgica e na Holanda, o futebol só irá regressar em Setembro, com origem numa sugestão político-sanitária.

Cá pelo nosso burgo, em comunicado conjunto, as Federações de Andebol, Basquetebol, Patinagem e Voleibol decidiram dar por terminadas as respetivas competições. No futebol, também foi determinado o  terminus no Campeonato de Portugal e na segunda Liga, sobrevivendo, com condições muito específicas, a primeira Liga.

Jogos da primeira Liga que se irão disputar à porta fechada, por decisão própria e não em resultado de quaisquer sanções aplicadas, o que, de algum modo, sempre constitui algum sabor insípido.

Neste (novo e difícil) tempo que vivemos, enquanto confinados, justificada e responsavelmente, dará para termos presente a dimensão da nossa fragilidade humana, de que resulta, afinal, a insegurança que nos rodeia e nos atinge.


Factualmente, portanto, o poder político, em estreita articulação com as autoridades sanitárias, decide o que deve terminar e o que deve continuar, que o mesmo corresponderá a dizer que com mais autoridade e mais influência! 

Bem sabemos que noutras circunstâncias, mas, ainda assim, a justificar trazer ao palco dos acontecimentos uma recente mensagem de mestre – porque sábio! – Manuel Sérgio, quando nos transmite: A “sociedade de mercado” é ao mercado e à mediatização do mercado que tende a subordinar-se, deixando, clamorosamente, as Federações e as Associações Desportivas (nacionais e internacionais) em lugar subalterno. O Desporto é uma experiência de liberdade, um dinamismo irreprimível de vida, e tem valores indispensáveis ao ser e ao agir de cada um de nós. Que esses valores não se diluam no sensacionalismo dos “media”, ou nos interesses argentários do mercado, ou no sensacionalismo e no lugar-comum reinantes num certo desporto. Para que o Desporto não deixe de ser Desporto”.

Em jeito de despedida e apelando a um certo respirar, com dimensão Ética, e porque estamos na “sociedade do conhecimento” que, por via disso, se tornou o recurso em vez de um recurso, talvez que valha a pena sublinhar que o mundo é  incorrigivelmente plural, razão pela qual somos desafiados a ter a humildade de aprender continuadamente!

Humberto Gomes

“Embaixador para a Ética no Desporto”

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