Comunicando desportivamente: Com ‘todo o mundo’ a nos observar…

Sem Ética não há desenvolvimento!

Bem sabemos que ‘habitamos’ numa sociedade cada vez mais vocacionada para o ter e para o poder, em detrimento do ser.


A voragem dos tempos, a isso tem conduzido, tal como na vida, também no desporto, e particularmente no futebol em particular, muito a dever-se à impreparação das pessoas em rasgarem outros, novos e melhores horizontes, que não só os do clubismo e regionalismo facciosos.


Constituíndo-se, hoje por hoje, o futebol profissional num fenómeno cultural de maior magia no mundo contemporâneo, não pode, nem deve ser observável enquanto com cegueira, surdez e sem ‘articular’ uma palavra em correspondência com os verdadeiros princípios e na intransigente defesa dos valores éticos fundamentais.


O que se passou no recente Belenenses-Benfica, não deveria ter acontecido (a menos que de um filme de ficção se tratasse…). Bastaria, para tanto, comungarmos na simples, mas, ao mesmo tempo, exigente expressão do que é ter Ética: “Conjunto de coisas que fazemos e atitudes que tomamos com ‘todo o mundo’ a nos observar”.


E, a observar-nos esteve, por exemplo, a ‘Marca’: “O jogo da vergonha em Portugal”, apelidado também assim pela ‘RMCSport’, enquanto no ‘Mundo Deportivo’ falou em jogo “insólito” ou o holandês ‘AD’ num “jogo desigual”.


Muito de ‘tudo isto’ a que vamos assistindo tem, afinal, a ver com ‘matéria’ que dois grandes mestres – porque sábios! – recorrentemente nos têm vindo a desafiar para uma serena, atenta e exigente reflexão, na via de uma outra, melhor e mais saudável maneira de pensar e de agir.


É que rompendo dogmas e vícios instalados, por uma de todo irracional paixão endémica, muito importará levarmos em linha de conta que os sentidos, as emoções e a imaginação não são inimigos do pensamento, bem pelo contrário, são condição indispensável.


E esses dois grandes mestres, são Manuel Sérgio, quando, em recente escrito, de que destacamos um excerto, nos deixa a ‘receita’: “Não basta correr e saltar, para ter saúde. Verdadeiramente, o que dá saúde é uma sociedade diferente!

O que dá saúde é procurar a felicidade! Fazer amor é o mais saudável dos ecercícios físicos que se conhecem! Suprema estupidez esconder esta problemática aos próprios ‘agentes do futebol’. E porque a Filosofia parece coisa sobejante a certas pessoas – que proclamam, com o ar mais seráfico do mundo que a Filosofia tem unicamente por matéria aquela parte da realidade ainda desprovida de disciplina científica apropriada”.


Curiosamente, ou talvez não, a ouvir ‘a conversa’ estava outro grande mestre, António Damásio, e uma sua (sublime!) ideia/pensamento: “Antes de chegar ao saber é preciso percorrer o ser e o sentir”.


Qual a verdadeira dimensão, afinal, em reconhecermos que o que sabemos é uma gota na imensidão do Oceano do conhecimento?
Definitivamente: Sem Ética não há desenvolvimento!


Talvez que, a fechar este ‘time out’, se justifique, apelando a um espírito (mais) saudável e congregador, ‘chamarmos’ Almada Negreiros: “A alegria é a coisa mais séria da vida!”.


A que poderemos acrescentar: da vida e do desporto!

Humberto Gomes

*“Embaixador para a Ética no Desporto”

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