Das palavras aos atos
Por palavras simples, a definição de comportamento ético: “Conjunto de coisas que fazemos e atitudes que tomamos com ‘todo o mundo’ a nos observar”.
Vem este introito a propósito da falta de comparência do FC Porto em jogo agendado para a Arena de Ovar, com a Ovarense, a contar para a 3.ª jornada da Liga Betlic de basquetebol.
A equipa de basquetebol do FC Porto, ao não comparecer ao jogo do passado sábado, terá deixado a Federação Portuguesa de Basquetebol (FPB) a ‘falar sozinha’. Em causa esteve a nomeação do árbitro Paulo Marques, que na época passada foi um dos juízes do jogo 5, que decidiu o campeonato – final do Playoff da última temporada (Sporting-FC Porto, 86-85) -. Os dragões ameaçaram desde esse momento que não iriam comparecer em jogos para os quais fossem nomeados os árbitros envolvidos nessa partida (os outros dois, recorde-se, foram Fernando Rocha e Carlos Santos). Em comunicado, agora divulgado, o FCPorto invoca “os superiores interesses do clube”, ao mesmo tempo que apresenta desculpas à Ovarense pela situação, sublinhando que “esta deliberação, não sendo nova, merece ser comunicada em defesa dos superiores interesses do FC Porto”.
Manifesta, ainda, a equipa portista, ser grande a estranheza pelo facto de a nomeação de Paulo Marques surgir logo na ronda seguinte à vitória dos azuis e brancos em Alvalade.
Face a esta insólita situação, Manuel Fernandes, presidente da FPB, reagiu reafirmando que o organismo “não interfere nem comenta as tomadas de posição de qualquer clube”, acrescentando que “todos são tratados de forma igualitária”. “A situação seguirá os trâmites normais, observando os regulamentos”. Regulamentos que estabelecem que o FC Porto deverá ser punido com uma derrota por 0-20, sem pontos somados (mesmo com simples derrota, no basquetebol, vale um ponto), além de uma multa entre os 250 e os 5 mil euros. Caso os dragões voltem a não comparecer: “A aplicação da sanção de derrota em dois jogos consecutivos ou 3 interpolados determina a exclusão da competição”.
Da ameaça à concretização distou um pequeno passo, afinal, porque: Das palavras aos atos.
Naturalmente que, na sequência, se aguarda por novos desenvolvimentos, face ao ocorrido e ao que se encontra regulamentado, de nada valendo tecer, por inadequado e inoportuno, qualquer tipo de comentário.
Talvez que, com bem senso e o indispensável equilíbrio, se justifique, em nome do sentido ético de estar nas “…coisas…”, uma vez mais, trazer ao palco dos acontecimentos – sem ruído nem holofotes acesos – o nosso príncipe-poeta, quando nos legou: “Não é pensando que somos, é sendo que pensamos”.
Acrescentaríamos que, no Desporto como na Vida!
Humberto Gomes
*“Embaixador para a Ética no Desporto”