Comunicando desportivamente: Como o ídolo ensina, sendo!

Hoje com 26 anos, o recente vencedor da “Edição Especial Volta 2020”, Amaro Antunes, em representação da W52-FCPorto, visitado que foi pelo confrade “Record” e com a ajuda da pena de Luís Santos, dá-nos o exemplo de uma irrepreensível postura, para além das suas excecionais qualidades para a prática do ciclismo. Ciclismo que foi sempre a sua paixão: “O meu tio e o meu pai foram ciclistas e desde pequeno só via a bicicleta e nunca pensei noutra modalidade”.


Que se expressa bem nesta descrição, daquela que foi a etapa determinante que permitiu não só vencer a etapa lá no alto da Senhora da Graça, como vestir a amarela que não mais a perdeu. Atentemos na sua superior clarividência e, ao mesmo tempo, numa assinalável humildade, deste destemido algarvio, de Vila Nova de Cacela, ao revelar como tudo estava programado: “Foi programado ao pormenor no dia anterior. O Nuno Ribeiro, diretor desportivo, falou comigo e toda a equipa sobre a forma como iríamos correr. A tática era estarmos atentos porque sabíamos que era uma etapa que podia ser decisiva, apesar de ficar a faltar muita Volta. E no momento do ataque do Frederico Figueiredo (Tavira), sabia que tinha de ir com ele. Ainda perguntei ao Nuno se iria atacar mais cedo, mas disse-me para esperar para os últimos momentos, porque acabaria por ganhar o mesmo tempo, com vim a ganhar”. Terá sido dado um passo enorme para se sagrar vencedor? Surge a resposta, com pedalada forte: “Sabia unicamente que era líder e que tinha atrás de mim uma equipa unida e forte para me defender”. Sabia, afinal, o essencial para se sagrar vencedor!


Inês Antunes, sua indefectível esposa e admiradora, na hora da consagração, expressou o “lamento” de: “Não ter podido abraçá-lo como queria e ele merecia, mas deu para sentir a daquele momento único nas nossas vidas”.


Oportunidade, ainda, para uma análise sobre a realização desta Volta: “Tínhamos todos a noção de que se não houvesse Volta a Portugal seria catastrófico. Atrevo-me mesmo a dizer que a realização da Volta salvou o ciclismo em Portugal, por isso só temos de agradecer à Federação Portuguesa de Ciclismo pelo enorme esforço que fez para a colocar na estrada”, fazendo ainda uma referência a todos os seus colegas e restante staff da W52-FCPorto, “pois foram todos a vencer a Volta”.


Ainda longe de se despedir de colocar as mãos no guiador, para mais uns milhares quilómetros de prática, e já a pensar no futuro, fundou um clube a que deu o seu nome: “Clube de Ciclismo Amaro Antunes”, onde com o apoio da autarquia e de várias empresas vai continuar a desenvolver a modalidade, junto dos escalões de formação.


A cereja no topo do bolo: correspondendo ao que havia prometido no dia em que terminou a prova, Marcelo Rebelo de Sousa, recebeu e homenageou Amaro Antunes, tendo na cerimónia assinalado: “Vai ser a vitória mais saborosa da vida dele. Até pode vir a ganhar o Tour, a Vuelta, o Giro…Nada vai ser tão saboroso como esta vitória”.


Uma página brilhante, que nos deixa a quase certeza de que: não é pensando que somos, é sendo que pensamos.
Como o ídolo ensina, sendo!

Humberto Gomes*

*”Embaixador para a Ética no Desporto”

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