Neste tempo de incertezas, até de alguma insegurança e angústia, como é gratificante tomarmos conhecimento de factos, de acontecimentos que nos ajudam a melhor podermos compreender quanto a tenacidade, a perseverança e o querer, podem operar verdadeiros milagres!
Referimo-nos ao exemplar percurso de Paulo Azevedo, hoje com 39 anos, natural da Redinha, perto de Pombal, que nasceu sem braços nem pernas, o que levou a que o médico de família, na altura do parto e em jeito de reconfortar a família, tivesse vaticinado: “Não se sabe se não teremos aqui um grande homem”.
Pois bem, ter nascido diferente não o impediu de ter feito uma vida normal e de ultrapassar os obstáculos que a vida tão cedo lhe colocou.
Foi praticante desportivo, tirou um curso de jornalismo em Coimbra, fez teatro, chegou a participar numa telenovela e, hoje por hoje, é um dos principais palestrantes e oradores motivacionais do País. Com paixão pelo futebol, tirou o curso de treinadores, com experiências no Grupo Desportivo da Pelariga, Académica e Belenenses, esta a coincidir com o regresso do emblema da Cruz de Cristo à 1.ª Liga.
Com 28 anos aventurou-se a escrever o primeiro livro, a que deu o sugestivo título de: “Uma vida normal”, em que, de forma comovente, nos relata as peripécias da sua vida, mostrando que as barreiras são para se derrubar.
Paulo Azevedo, advoga a ideia de que. “Nem sempre és tu que escolhes o sonho, mas às vezes é o sonho que te escolhe a ti”, isto numa ocasião em que, decididamente, chamou a si a importante tarefa de que a sua tarefa principal passaria a incidir, em concreto, sobre como entrar na mente dos atletas, fazendo-os sentir que não há impossíveis.
Daí que, onze anos depois, surgisse um segundo livro que intitulou de – já estamos a imaginar! – :”Não há impossíveis”. Com um forte ligação do desporto-rei, teve oportunidade de se cruzar, mantendo, desde então, amizade com José Mourinho.
Se bem o pensou melhor o fez, ao convidar o “Special one” para prefaciar este seu segundo livro, ainda que, com alguma reserva, pudesse antever que não teria resposta, mas teve-a, ao ter quando afirmativamente, contrapondo ao receio inicial de Paulo Azevedo: “Sei que não tem tempo, mas gostava que escrevesse o meu prefácio”, com esta frase lapidar que calou bem fundo no coração deste portento do querer: “Não tenho mas arranjo. A falta de tempo é uma desculpa.”
Talvez que este formidável e exemplar percurso de Paulo Azevedo nos leve a meditar quão importante será que não é pensando que somos, mas é sendo que pensamos!
Humberto Gomes
*”Embaixador para a Ética no Desporto”