Talvez que se justifique, como rampa de lançamento, para este breve “ensaio”, a importância de compreender, de forma simplista, que a ética traduz o conjunto de coisas que fazemos e atitudes que tomamos com “todo o mundo” a nos observar.
Na vida como no desporto, compreender e ser compreendido, hoje por hoje – já antes deste “inferno” da covid-19 -, deverá constituir a base das relações humanas. A compreensão gera confiança e tende a aproximar as pessoas.
A compreensão assertiva – qual fenómeno empático -, relativamente aos outros, assume-se como uma prova de inteligência emocional.
Sempre que nos revelamos compreensivos, procurando sair de nós próprios, colocando-nos no lugar dos outros, significa captar as suas motivações e sentimentos, de que tanto a sociedade de hoje necessita, combatendo o poder e o ter, vezes quantas, ofensivamente instalados, para, então, dar lugar ao ser!
Importaria muito que assim fosse, reafirmamos, na vida como no desporto. Em particular, no desporto, que deveria encontrar os denominadores comuns do que representa a essência desportiva, tendo como foco principal o espírito desportivo anraízado nos valores e nos comportamentos éticos.
Um desporto saudável e que faça sentido, com educação e formação, interpretado e praticado pelos diversos agentes desportivos, visando a construção de uma forma de estar útil e congregadora para a sociedade e para o homem.
Tomando como base de que o desporto nasceu como ética e, sem ética, não se justifica a sua prática, importará trazer ao palco dos acontecimentos, uma vez mais, mestre – porque sábio! – Manuel Sérgio: “O ser humano faz-se fazendo-se e, ao fazer-se, joga com os afetos, principalmente com os afetos. O que é o homem sem afetos? Ou frio, distante, insensível? Ocorro-me o Fernando Pessoa: “Uma besta sadia, um cadáver adiado que procria”.
Por tudo isto, educar e formar para a ética assumir-se-á com um grande e desejável desafio.
Sem perder a esperança em tal desiderato, outro mestre, Agostinho da Silva, deixou-nos esta célebre e adequada mensagem: “Como tudo é possível, ousemos fazer rumo ao impossível”.
Com verdadeiro espírito desportivo, a que se junta, na oportunidade, o espírito natalício, desejar a todos um Santo e Feliz Natal!
Humberto Gomes
*“Embaixador para a Ética no Desporto”