Comunicando desportivamente: Ensinar primeiro e treinar depois

“No dealbar da atividade do futebol profissional às competições, ocorreu-nos produzir um pequeno “ensaio” sobre a importância de uma parceria a estabelecer entre treinador e jogador. Parceria essa que, no desenvolvimento do processo ensino/aprendizagem, deverá contemplar o ato de ensinar primeiro e só depois treinar.


Ao treinador, competirá ensinar, trilhando o caminho que a agulha da “bússola” indicar e tendo verdadeira consciência de saber que sabe, o que sabe e de como – com que referências – adquiriu o saber, sendo de decisiva importância saber como fazer, não se limitando a saber o que fazer.


Ao jogador, se com entusiasmo, disciplina, determinação e respirando autoconfiança, é-lhe facultada a natural expetativa de encontrar no treinador a capacidade de elaborar sessões de treino que levem a produzir alterações e mudanças que possibilitem ser cada vez mais e melhor atleta-pessoa, com uma bem conseguida aprendizagem.


Nesta simbiose de ensinar/aprender, treinador e jogador, poderão encontrar duas vias: a via do treino gratificante, se cumpridos os requisitos pré-estabelecidos – do ponto de vista físico, psicológico, social e moral -, como resultante da aplicação de uma ideia suportada pela formulação, experimentação e reflexão; ou a via do treino chato, aborrecido, que em nada favorece o bem-estar, nem ajuda a formar o carácter, porque tenderá a ter como denominador comum a crispação, o estar tenso, sendo, inclusivé, demasiado fatigante, física e emocionalmente.


E a agulha da “bússola”, a que nos referimos, terá necessariamente muito a ver com primeiro ensinar e só depois treinar, com as respetivas repetições, intensidades adequadas e rotinas a estabelecer, tendo como pano de fundo a obtenção dos objetivos a alcançar.


Importará, por via disso, clarificar no seio da equipa a diferença entre o individualismo que o praticante pode dar mostras, que poderá determinar a incapacidade de aprender com os outros, por carência de solidariedade, pondo acima de tudo o seu próprio interesse, deixando para segundo plano as necessidades dos outros, e a individualidade, que deverá estar ancorada na autoconfiança, na entrega ao serviço do coletivo, nas opções a tomar e na vontade de contribuir com o seu talento para o resultado de todos os companheiros de equipa.


Por tudo isto, ensinar primeiro e só depois treinar, o que fazer e de como fazer, criando as condições para, na abordagem e desenvolvimento de cada um dos fundamentos de natureza técnica que o jogo exige, se poder corresponder com sucesso a um bem planeado processo ensino/aprendizagem, interligando e adequando os conteúdos em cada um dos escalões etários, levando em linha de conta que os jovens praticantes não aprendem todos ao mesmo tempo, nem com a mesma velocidade.


Talvez, porque a propósito, e como tudo começa desde tenra idade, sentimos a indispensabilidade de trazer ao “palco dos acontecimentos”, mestre – porque sábio! – Teotónio Lima. Legou-nos, o mestre: “Ensinar primeiro e treinar depois deverá ser, necessariamente, a prática que os treinadores responsáveis pela formação desportiva dos jovens têm de seguir como opção pedagógica, resultante de uma metodologia de ensino dos jogos desportivos coletivos que defennda em primeiro lugar os interesses e as necessidades das crianças e dos jovens”.


Acrescentaremos: possível de se concretizar?


Talvez, talvez…, até porque não é pensando que somos, mas é sendo que pensamos!


Fiquemos com a esperança, tal como, também. dizia o poeta: “O sonho comanda a vida!

Humberto Gomes

*“Embaixador para a Ética no Desporto”

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