Comunicando desportivamente: Não obstante a diabetes, na imperfeição a… perfeição!

Portadores da diabetes, Tiago Matos e Ana Luísa, dão-nos o exemplo, que se deseja multiplicador, de como é possível a coexistência da doença com a saudável prática desportiva.


Hoje com 18 anos, Tiago Matos, tinha 11 anos quando foi diagnosticado com diabetes, é praticante de Tiro com Arco, representa o Sporting, e define claramente que patamar pretende alcançar: “O meu grande objetivo é chegar aos Jogos Olímpicos e ganhar uma medalha. Considero que é um objetivo possível, desde que haja trabalho e dedicação”.


Tiago, considerado o atleta mais promissor na disciplina, em Portugal, tendo já arrecadado vários títulos  de campeão nacional nas camadas jovens, que treina praticamente todos os dias durante três horas, consegue conciliar com a atividade de estudante de informática na Uiniversidade Lusófona, dá-nos conta de como: “É um bocado complicado conciliar mas tem de se fazer. O espírito de sacrifício, a vontade de evoluir e continuar a treinar cada vez é maior porque só assim será possível alcançar o objetivo deste desporto: o tiro perfeito”.


Por sua vez, Ana Luísa, de 33 anos anos, portadora de diabetes tipo 1, o mais frequente em crianças e jovens, viu na maratona uma forma de controlar a doença e de conhecer melhor o seu corpo. Em 2013, tornou-se a primeira atleta portuguesa a participar na maratona Medtronic Twin Cities, em Minneapolis, EUA, com a ajuda de uma bomba de insulina, conseguindo correr os mais de 42 kms em 3h30. E, como, sucintamente?: “Nunca encarei a doença como uma barreira. Pelo contrário, acho que faço mais coisas do que as pessoas ditas normais”, que já correu em seis maratonas, ainda que tenha sido recomendada a desacelerar. Explicita-nos melhor esta tão determinada atleta: “Quando comecei a correr ainda não havia a febre das maratonas. Na altura, a minha médica disse. “A Ana tem diabetes, é um perigo para a sua saúde e vai correr riscos porque é muito tempo a correr”.


Não teria sido mais fácil levar por diante a indicação da médica? Ana, dá-nos a resposta: “Achei que aquilo era mais um desafio do que uma imposição”, e levando por diante o firme propósito, conseguindo lidar bem com a doença, a atleta tem consciência de que, ao contrário de outros maratonistas,  é indispensável preocupar-se em chegar ao final da corrida com níveis de glicemia controlados: “Antes da prova, tenho de ver o valor glicémico com que estou, tenho de fazer um reforço a nível de hidratos de carbono e um monitorização contínua que me permita em tempo real, ver como está a minha glicemia porque existem riscos associados. Posso fazer uma hipoglicémia, o que acontece às vezes no treino. Sem acúçar não consigo correr”.


Acrescentaremos que hoje, com a invenção da bomba de insulina, que consiste num pequeno dispositivo, do tamanho de um smartphone, que imita a forma como o pâncreas saudável fornece insulina ao nosso corpo e que pode ser transportado numa bolsa, passando despercebido aos mais atentos, está facilitada a tarefa dos portadores de diabetes, para uma vida ligada ao desporto, renunciando ao sedentarismo.


Não fecharemos este escrito de hoje sem referenciar o nosso confrade Record, sob a pena de Rafael Godinho, pelo contributo fornecido a esta causa.


E, em mensagem final, reaparece Tiago Matos: “Não é por causa de ter diabetes que vamos parar de viver. Hoje lido bem com esta doença”, afirma, determinado, o praticante do tiro certeiro.


E, Ana Luísa, com uma vida repleta de experiências únicas, vai um pouco mais longe: “A diabetes não me coíbe de nada e gosto de me superar. É uma questão de autoconhecimento. Viajei de bicicleta, fiz voluntariado no Nepal, já subi ao Pico…”, conta a maratonista, que deixa uma mensagem de esperança para as crianças, que a exemplo dela, foram diagnosticada com a doença em tenra idade: “A mensagem que se tem de passar às crianças e aos pais é que vão ter uma vida normal se se souberem gerir de forma inteligente. Somos perfeitamente imperfeitos”, sublinha.


Por tudo isto: ” Não obstante a diabetes, na imperfeição… a perfeição!


A lançar-nos um permanente desafio: Não é pensando que somos, é sendo que pensamos!

Humberto Gomes
*”Embaixador para a Ética no Desporto

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